30 de junho de 2020, terça-feira, 13h17
Último dia do mês. Junho foi longo e eu não sei direito o que aconteceu. Sério. Mesmo com anotações, agenda, ferramenta de lista de tarefa. Sei que fiz coisas. Mas talvez não tenha feito o que realmente deveria fazer e por isso essa sensação de não sei direito o que aconteceu. Ou é só efeito da pandemia. Continuo me perguntando todos os dias, ao longo do dia, que dia é hoje. Que dia é hoje? Ah, último dia do mês de São João. Comemorado umas três vezes no mês. Para julho eu vou querer só que eu saiba que dia é hoje sem me perguntar tanto. E que eu saiba direito o que aconteceu quando acontecer.
Fui na terapia ontem. Talvez por isso esteja escrevendo às 13h37. E não assim que acordei. Ou antes de começar qualquer coisa. Enfim, sem rituais. Ritual é diferente de processo. Eu acho ritual uma palavra bonita. Parece algo mais espiritual, conectado, orgânico, intuitivo. Processo é mecânico, frio, coisa de máquina. Faz tempo que desapeguei de acordar cedo. Tá, não faz tanto tempo assim. Uns dias, talvez. Mas eu sempre esqueço que dia é hoje. Então eu fico com essa sensação de muito tempo mesmo. Quantos anos você já viveu ou reviveu durante o isolamento social? Eu já fui até a minha infância e voltei. Mas eu estava falando de ritual, rotina, processo. Acho que vou ficar com ritual. Vou ficar parecendo excêntrica. A excêntrica cheia de ritual para escrever. Rotina é algo mais pé no chão. É o dia a dia mesmo. Parece que é sempre igual. Mas não é. A gente acorda diferente todo dia. Só não percebemos. Processo. Agora me remeteu a processo jurídico. Tô dizendo, algo frio. Desculpa pessoal do direito. Mas é sempre tensão. Né não? Acho que vou ficar com os três. Tirar o peso das palavras. Só escrever.
Crônica enviada em Notas da Vida #01 – acesse a newsletter completa aqui
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