Em Travessuras da menina má, Mario Vargas Llosa nos apresenta Ricardo Somocurcio, um peruano que tem como sonho de vida morar em Paris. Apenas isso. O que já nos mostra um pouco da personalidade dele, um cara simples e modesto. Na infância, Ricardo conhece e se apaixona por uma chilenita difícil de conquistar, Lily. São várias as tentativas de Ricardito em conquista-la, todas em vão. Mas a sua vida muda completamente a partir desse encontro.
Durante a leitura, conhecemos a Paris revolucionária dos anos 60; a Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70; a Tóquio dos grandes mafiosos dos anos 80; e a Madri em transição política dos anos 90. Enquanto, também, acompanhamos o reencontro, em cada um desses locais, entre Ricardito e sua chilenita que em cada local assume uma identidade.
A Menina Má é ambiciosa e aventureira. Gosta do luxo e para conseguir viver na riqueza se joga no mundo com vontade. Não se conforma com pouco e muito menos com a vida modesta de tradutor da UNESCO que Ricardito, o bom moço, leva em Paris. Ela queria o mundo enquanto ele queria apenas ela. Sua felicidade estaria completa em apenas viver ao lado da mulher que sempre desejou.
Torci por cada reencontro mas ao mesmo tempo queria que Ricardo se liberta-se daquela mulher que só o fazia sofrer. Ao final de cada aventura, a chilenita reaparecia na vida de Ricardito. Era como se ele fosse o seu coffee breake, enquanto que ela era uma doença para o bom moço.
Ricardo queria se curar, enfiava a cara no trabalho, mas por ser tão pouco ambicioso não vai muito além do que se espera. Por várias momentos tive vontade de gritar: ACORDA, HOMEM! Vai viver tua vida e esquece essa maluca! Ele até esquecia, ou fingia que esquecia, mas ela reaparecia justamente quando ele estava tão bem.
Lily era uma mulher em cada lugar que passava e ele conseguia amá-la de todas as maneiras. Parece romance barato, mas não é. É romance com passagens fortes, que me deram até certo enjoo ao ler, e cenas quentes cheias de paixão. Tem muitas breguices, mas também realidade. Mostra o que as escolhas, ao passar do tempo, fazem com a vida dos personagens que não são perfeitos e como bons humanos, erram e vivem com o peso desses erros.
Travessuras da Menina Má vai te enriquecendo a cada página com a contextualização histórica e te mostra a força que existe quando um amor é verdadeiro, louco e intenso. Dizem que amar não é sofrer, mas o que dizer para Ricardito, que passou toda sua vida vivendo e sofrendo por uma menina má? E sim, eu acho que ele foi feliz. Ou melhor, eles foram felizes.
Com o passar dos anos, eu me tornei igual a você. Para conseguir o que quer, vale tudo. São palavras suas, menina má. E, como você sabe perfeitamente, a única coisa que quero de verdade nesse mundo é você. pag. 127
– Você deve ser a última pessoa no mundo que ainda diz essas coisas às mulheres. – Sorria, divertida, olhando-me como se fosse um bicho estranho. – Que breguices você diz, Ricardito!
– O pior não é dizer. O pior é que as sinto. São verdade. Você me transformou num personagem de telenovela. Eu nunca disse essas coisas a ninguém.
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