Durante parte da adolescência, eu tinha o hábito de trocar cartas com amigas. E tinha também o hábito de escrever em diário, o que muitas vezes, lembro bem, resultava em cartas que escrevia para mim ou para outras pessoas. As que eram destinadas para mim se perderam e muitas das que eram destinadas para outras pessoas jamais foram enviadas e também se perderam.
Emily Trunko, uma jovem de Ohio, também tinha a mania de escrever cartas para amigos e outras pessoas que fizeram parte da vida dela em algum momento, e resolveu começar um Tumblr para publicar essas cartas, o “Dear My Blank”, em 2015. Esse espaço na internet acabou se tornando uma comunidade de apoio quando várias pessoas, assim como eu e Emily, haviam escritos cartas que nunca foram enviadas.
O projeto ganhou destaque na mídia, se transformou em livro em 2016, e chegou ao Brasil pela Editora Seguinte, do Grupo Companhia das Letras.
O Tumblr que deu origem ao livro ainda está na ativa e na época que o livro foi lançado já tinha mais de 35 mil seguidores. Emily mantém o anonimato do destinatário e do remetente e qualquer pessoa pode submeter uma carta através da plataforma.
As pessoas encontraram ali apoio, um espaço para desabafar, ser ouvido, se comunicar, colocar para fora sentimentos, frustrações, se despedir de alguém, se declarar para alguém. O “Cartas secretas jamais enviadas” é dividido em Querido eu, Querido mundo, Amor, Amigos, Família, Coração partido, Traição e Perda.
Seguindo o mesmo modelo do “Cartas secretas jamais enviadas” e do projeto online “Dear My Blank”, a Emily criou o “The Last Message Received” que também deu origem a um livro o “Últimas mensagens recebidas”, dessa vez as pessoas foram estimuladas por Emily a enviar as últimas mensagens que receberam de alguém que era importante na vida delas.
Apesar de ser um livro bonito, com ilustrações da Ale Kalko (o Cartas secretas também é ilustrado pela Ale), há mensagens bem pesadas e chocantes. O que impressiona é que com poucas palavras uma pessoa pode acabar com o sonho de alguém, destruir ainda mais a autoestima de uma ex-namorada, reforçar esteriótipos, violentar.
Nessa compilação também há algumas mensagens de suicidas, tanto que nas páginas finais dos dois livros encontramos contato de instituições como o Centro de Valorização da vida e da ABRATA.
As últimas mensagens recebidas vêm acompanhadas também de um rodapé para contextualiza-las, e a gente fica meio chocado com o que lê.
Resolvi compartilhar esses dois livros no blog porque são projetos que fazem refletir sobre a importância da comunicação, do diálogo, de conversar e ouvir o outro, de perceber o outro. De tirar um tempo na correria do dia a dia para dar atenção aos nossos amigos, amores, família.
Conteúdo em vídeo (tem imagens dos livros por dentro):
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