Já pensou sobre o fato de ser mais fácil fazer um diagnóstico na primeira vez que examinamos um paciente [um ser qualquer] e que fica mais difícil quando melhor o conhecemos?
A cada nova leitura, seja científica ou literária, que faço sobre a temática sinto-me estranhamente ainda mais atraído. Fascinado. Apaixonado. Aprisionado… Fisgado!
Mentiras no divã. Que presente maravilhoso. Não teria outro tempo que fosse melhor oportuno para sua leitura. Fascinante e envolvente desde suas primeiras linhas. Provocativo!
Já em suas primeiras páginas uma avalanche de anseios e reflexões se fizeram em paralelo a cada linha; a cada cenário; e a cada provocativa que a narrativa nos instiga. Fez-me pensar acerca do psicoterapeuta que há em mim. Do que pretendo ser. De como esse “eu” terapeuta se entrelaça com o educador que sou; as concepções que tenho; as verdades que defendo…
Assim, em meu divã particular, leio, devaneio e realizo minhas próprias autoanálises. Reflito sobre a vida, minha e de outrem. Lamento os meus prantos. Sofro as minhas dores. Saboreio do néctar das alegrias. Perambulo em minha errante vida; relembrando… revivendo… sonhando sonhos; amargurando o destino…
Quando trilharmos por caminhos para além das técnicas; da formalidade; do individualismo e do ego aflorado; quando a compreensão de “unicidade” nos conduzir à necessidade de olhar para além do diagnóstico (rótulos) para descobrirmos pessoas; quando o cenário a nossa volta nos fizer perceber que “é a terapia que não está pronta para o paciente”¹ e que é “mais mais fácil fazer um diagnóstico na primeira vez que examinamos um paciente e que fica mais difícil quando melhor o conhecemos”², é, nesse momento, que poderemos dizer que o divã da vida surtiu efeito.
Confesso que não tem sido tarefa fácil navegar nesse infinito oceano. E que o entrelaçar entre o educador e o terapeuta traz embaraços. Mas no meu divã particular, divirto-me com as verdades. As que me confrontam; as que desconheço; as que defendo; as que sigo buscando…
Em cada pessoa, personas. E com elas vivo, convivo e me reconheço. Assim, sigo em busca da licença terapêutica em cada experiência do compartilhar vivências e subjetividades.
Eu disse a verdade!
¹YALOM, Irvin D. Mentiras no divã. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 15 ² YALOM, Irvin D. Mentiras no divã. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 16
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