“Eu, Tituba, bruxa negra de Salem” foi escrito pela escritora caribenha Maryse Condé em 1986. Chegou ao Brasil em 2019 através da Editora Rosa dos Tempos, do Grupo Editorial Record, com tradução de Natália Borges Polesso e prefácio de Conceição Evaristo.
O livro traz a história das bruxas de Salem reescrita a partir da perspectiva de Tituba, a única negra entre as bruxas. Mostra como uma mulher que aprendeu a utilizar as forças da natureza para cuidar das pessoas foi nomeada negativamente como uma bruxa.
A nomeação, valorada por uma comunidade branca extremamente religiosa, foi resultado do que diversas pesquisadoras e críticas, como Grada Kilomba, chamam de força do imaginário branco.
O imaginário que nomeia a vida, os costumes, e tradições do outro a partir dos seus medos, tradições, religiões. A história de Tituba foi escrita e também silenciada por conta desse imaginário hegemônico branco.
Para mim realizar a leitura foi uma aventura curiosa e dolorosa. Curiosa porque eu gosto muito de histórias de bruxas e fiquei na expectativa de conhecer um pouco mais de Tituba que tem uma forte ligação com a natureza e seus ancestrais. Dolorosa porque o racismo, a discriminação, as violências física e simbólica, estão presentes. E assim Tituba foi forçada a viver a vida apenas como uma sobrevivente.