Momento para compartilhar as produções culturais que mais marcaram o meu mês de outubro.
Livro de não-ficção
Sociedade do cansaço (Byung-Chul Han)
Livro do filósofo do momento, Sociedade do cansaço estava entre uma das leituras mais aguardadas por mim. Em parte por ver tantos comentários interessantes sobre o livro na internet mas, principalmente, porque um professor do mestrado que gosto muito indicou a obra do Byung. Na ocasião não pude ler pois não conversava com minha pesquisa. Agora eu li e já posso dizer que criei um projeto pessoal #LendoByungChulHan.
Em Sociedade do cansaço, Byung argumenta que não somos mais uma sociedade disciplinar, como disse Foucault, mas a sociedade do desempenho. Algumas marcas dessa sociedade são “o imperativo de ter de ser você mesmo”, o “exagero de trabalho do eu” e o excesso de positividade. Tudo isso cria um sujeito da sociedade do desempenho que se auto explora. E algumas das consequências são burnout, depressão, autoagressividade e suicídio.
Uma leitura teórica mas de fácil compreensão. E super relevante para nosso tempo. Indico para todo mundo.
Livro de ficção
O vôo da Guará Vermelha (Maria Valéria Rezende)
A ficção do mês de outubro fez parte do Clube do Livro Alagoinhas. Já conhecia a literatura de Maria Valéria por conta de Quarenta Dias, um livro lido em 2016 e vencedor do Jabuti 2015.
O vôo da Guará Vermelha é uma obra inesquecível. Apesar de suas 160 páginas, o livro me chamou para uma leitura mais lenta. Posso dizer que é a história de amor de Irene e Rosálio. Duas pessoas desafortunadas na vida. Ela prostituta e ele um trabalhador para qualquer obra. Mas, vai além disso, fala do amor pelas palavras, pela leitura e escrita. Rosálio é analfabeto e seu propósito de vida é aprender a ler e escrever. Por onde passa busca encontrar uma escola, uma professora, que o ajude a conquistar esse sonho. Dessa maneira, Maria Valéria trata da importância da alfabetização, do letramento, da oralidade.
É um livro para ler, se encantar, e presentear muita gente.
Documentário
Fake Famous (HBO)
Fake Famous é um documentário que aborda o experimento social, do jornalista e cineasta Nick Bilton, em que três pessoas com desejo de fama são selecionadas para se tornarem influenciadores. A partir disso começa a “fabricação” de influenciadores com montagem de cenários para fotografias perfeitas, notícias criadas sobre os “influenciadores”, compra de seguidores, comentários e likes para alimentar a ideia de que os três são pessoas relevantes na rede.
O documentário é ótimo para expor a vida falsa de muita gente que não tem muito talento, apenas corpos bonitos e cenários montados. Gosto quando chamam os influenciadores de anunciantes, já que passam o tempo todo falando sobre produtos e cupons. E claro há o alerta sobre a nocividade que existe para as pessoas comuns que acreditam que essa vida fake é mais glamourosa e legal.
Animação
Tuca & Bertie (Netflix)
Em uma sociedade de animais antropomórficos, Tuca & Bertie são duas amigas inseparáveis apesar de possuirem personalidades diferentes.
Tuca é uma tucana extrovertida, segura de si, pronta para desafiar tudo e todos, bem de boa com a vida. E do outro lado tem Bertie, uma pardal, insegura, ansiosa, responsável.
A série é bem divertida. Temos duas amigas totalmente diferentes mas que se completam nesse desafio que é viver numa sociedade preconceituosa e machista. Inclusive a produção trata bastante de assédio moral e sexual. Além também de amadurecimento, vida profissional, relacionamentos amorosos.
Série
The Sinner (Netflix)
Apesar da Netflix sempre me recomendar The Sinner, uma série de 2017, só agora resolvi dar o play. E fui supreendida positivamente. Além de ser fã de séries policiais, eu sou fã de séries policiais com casos estranhos e detetives problemáticos. The Sinner entrega tudo isso.
Não produção acompanhamos o detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) investigando casos em que não há apenas a busca pelo assassino. Desde o início já sabemos quem é o assassino, o interessante é saber a motivação. E para descobrir os porquês, o detetive vai precisar sair da caixinha, fazer perguntas que ele mesmo tem medo de responder, e ouvir o lado de quem cometeu o crime sem tanto julgamento.
A série tem três temporadas disponíveis na Netflix. A primeira é impactante. A segunda é a minha preferida. A terceira é a que menos me atrai mas vale assistir por causa do excelente Matthew Bomer. Ah, quem curte boas reviravoltas também pode gostar de The Sinner.
Nunca tinha ouvido ninguém se referir aos influenciadores como anunciantes, gostei!
Também não. E gostei! 😀