A Turma da Mônica tem um lugar marcante na minha vida de leitora. Me tornei uma leitora voraz por conta das histórias em quadrinhos da turma. Lembro, inclusive, que lia, relia, emprestava para minhas amigas e amigos do bairro. E minha Mãe fazia todo um corre para pedir emprestado alguns exemplares para amigas. Ela fazia uns corres bem loucos em prol da leitura na infância. A sua Mãe também xerocava livros? (Obrigada, Mãe!)
Eu demorei bastante para me entregar à nostalgia e ver os filmes live action da Turma da Mônica, Laços (2019) e Lições (2021). Confesso que em parte por não curtir muito filmes protagonizados por crianças. Mas eu entrei em uma vibe de querer ver filmes fofos e felizes, então decidi ver a turminha. Amei? Amei. Muito!
Nostalgia forte! E é um sonho realizado – ver toda turminha “em carne e osso”. Laços teve um gosto de reencontro com a turminha querida, já Lições foi um reencontro com a infância.
Um dos momentos marcantes de Lições é a Mônica dizendo para Dona Luísa de Sousa: “A gente pode crescer sem deixar de ser criança”.
SIM!
Criança é inocência, criatividade, disposição!
Ainda acho que podemos e devemos cultivar tudo isso na fase adulta. Nem que seja um pouco.
Toda vez que a gente se rende ao que na fase adulta chamamos de ridículo – dancinhas bobas, atitudes espontâneas – estamos sendo um pouco criança.
Criança é aquela que a Mãe está ali dizendo: “você vai se machucar”. E ainda assim mete o dedo na tomada. Só para saber como é isso mesmo de se machucar que ela ainda não conhece.
Criança é aquela que sai correndo atrás do nada. As perninhas a toda velocidade e algum adulto desesperado atrás: “você vai cair! Venha cá! Pare!” E a criança lá, virada no foguete, rindo, fazendo daquilo mais uma brincadeira.
Na fase adulta a gente esquece tudo isso. Choque? Já basta o choque de realidade. Correr? Já basta correr atrás do ônibus lotado. Estamos exaustos. Eu sei. Mas olhar para tudo isso e ainda cultivar um pouco do ser criança nos traz esperança de mudar alguma coisa, de alguma maneira. E como disse Paulo Freire (2019), “É imperioso mantermos a esperança mesmo quando a dureza ou aspereza da realidade sugiram o contrário”.
Faz um tempo que assisti também o documentário Tarja Branca (2014). Lembrei do doc logo após a Mônica me passar essa lição sobre crescer. Tarja Branca é uma produção que trata sobre a importância do brincar na infância e de trazer o lúdico para vida cotidiana adulta.
Nós somos educados a deixar de brincar porque o lúdico não é útil na sociedade capitalista do desempenho e da produção. E o brincar na fase adulta pode ser resgatar algo que você gostava muito de fazer na infância/adolescência e que se perdeu em algum momento da sua transformação de um ser esperançoso para um sujeito do desempenho. Dançar. Tocar um instrumento. Pintar. Desenhar. Montar quebra-cabeças. Ler histórias em quadrinhos. Fotografar. Fazer qualquer coisa sem a obrigação de ser útil ou publicável.
Turma da Mônica: Laços – disponível na Globoplay
Turma da Mônica: Lições – disponível no Prime Video
Citação do Paulo Freire – livro À sombra desta mangueira
Documentário Tarja Branca – disponível no Prime Video
O texto foi publicado na newsletter vida & cultura 10/2022. Você pode ler a edição completa neste link. E aproveite para assinar a news. As próximas edições vão direto para seu e-mail. 😉
Oi, Jeniffer, muito feliz de ter encontrado o seu blog amei o post, e já quero acompanhar mais escritos seus por aqui beijo!
Oie, Priscila! Muito obrigada pela visita.
Visitei o seu e já coloquei na minha lista de blogs!
bjs