Resolvi chamar esse episódio de “A seleção de resistência” porque o processo seletivo durou quase 4 meses e teve 4 etapas.
Quando eu finalizei a última matéria como aluna especial, tive cerca de três meses para estudar antes da publicação do edital da seleção de aluno regular. Durante esse intervalo, eu conversei com alunos regulares e até mesmo professores para saber como aproveitar melhor o tempo. Me indicaram ler o edital da última seleção, ver a estrutura do anteprojeto e estudar as referências bibliográficas da seleção passada.
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Então foi o que comecei a fazer. Muitos diziam que dificilmente os textos seriam mudados, e mesmo que fossem, não seria tempo perdido porque de qualquer maneira eu estaria estudando sobre temas relacionados ao curso e me aproximaria mais da linguagem dos textos acadêmicos. Organizei meus dias para estudar, pensar no anteprojeto e escrevê-lo.
Quando o edital foi publicado, a referência era a mesma da última seleção. E eu já tinha feito a leitura, fichamento, e resenha de praticamente todos os textos. O que me deu mais tempo para afinar meu anteprojeto.
Durante meu processo de escrita, eu pedi para um amigo ler, opinar e revisar o meu texto. É aquela velha lição da vida: não dá para fazer tudo sozinho. É sempre bom ter alguém para ler e opinar. Às vezes pode fazer sentido para você, na sua cabeça, mas quando outra pessoa vai ler, enxerga pontos que podem ser melhorados. Essa ajuda faz toda diferença.
Quando eu finalizei o anteprojeto, fiquei tão orgulhosa de mim. Estava feliz por ter conseguido escrevê-lo. Foi um sentimento maravilhoso. E eu levei um balde de água fria quando vi minha nota. Tirei a média. Depois percebi que quase todo mundo tinha tirado a média. Tudo bem que comparação não é a melhor decisão a tomar em um momento como esse, mas ver as outras notas me fez perceber que talvez o problema não fosse totalmente o meu projeto, mas que a seleção era algo difícil e complexo demais e os avaliadores não estavam para brincadeira.
O que eu fiz? Confesso que bateu o desespero e a ansiedade. Mas respirei fundo e sentei na cadeira para estudar e ter um desempenho melhor nas outras fases. E foi exatamente isso que aconteceu.
É importante dizer que eu não me privei de momentos de lazer. Mantive o tempo para viajar no feriado, ler algo além dos textos acadêmicos, continuei a fazer exercício físico, ver filmes e séries. Mas eu precisei priorizar a seleção. Por isso o projeto de conteúdo (blog, canal) ficou pausado. O tempo que eu tinha era para estudar e nas horas vagas descansar e fazer atividades sem pressão.
É muito importante para nossa saúde saber estabelecer as prioridades. Quando você tem um grande objetivo para alcançar, você precisa eliminar as distrações. E quando digo distrações, não estou falando dos tempos de descanso e lazer, estou falando de qualquer outra atividade que não é importante naquele momento.
Então eu parei o blog. Eu não aceitei participar de alguns projetos e precisei recusar alguns convites. E busquei uma rotina saudável durante aquele período. Dormia cedo e acordava cedo. Planejava meus estudos. Evitei as bebedeiras noturnas. Cuidei da minha saúde física, mental e emocional.
A seleção de resistência teve quatro etapas. Foi um longo teste de paciência. Foi uma luta contra a ansiedade.
A primeira etapa foi a inscrição com entrega do anteprojeto. A segunda foi a prova escrita, seguida de prova de língua estrangeira e entrevista. É muito importante ler com atenção o edital, destacar as informações mais importante, salvar o cronograma na agenda ou mural. E ficar atenta às possíveis mudanças. Perguntar para secretária do curso qualquer dúvida que tiver, por mais que você ache boba. Ligue, pergunte, vá até lá.
Eu lembro que não poupei ligações. E fiz um mural de inspiração com autores e autoras que havia utilizado no anteprojeto, a marca do curso da pós-graduação, e o cronograma.
Eu considero todas as etapas importantes. A da prova escrita é, sem dúvidas, a mais cansativa. Ela é feita de forma escrita e, óbvio, sem consulta. E para acabar de completar, fizemos a prova no auditório. Então imagine aquelas cadeiras de auditório de faculdade com um braço minúsculo para você apoiar a folha. É possível fazer rascunho, mas a prova final deve ser entregue a caneta e no papel oficial. E para isso tudo é preciso ter também um bom domínio do tempo porque quatro horas passam voando.
Entendeu também porque o título “a seleção de resistência” faz todo sentido?
A prova de língua estrangeira pode ser feita com auxílio de um dicionário. Segue o mesmo esquema da prova escrita, mas é de leitura e compreensão de um texto em específico. A entrevista é algo para deixar a gente nervoso. Quem nunca? Tinham três professores para entrevistar os candidatos. E apesar de ter sentido aquela ansiedade, eu já estava mais tranquila. O que os professores querem saber é se o candidato está disposto a dedicar os seus próximos dois anos exclusivamente para a pesquisa e tudo que envolve o curso de pós-graduação. E claro te perguntam sobre o anteprojeto.
Cada etapa tem uma nota que no final dará a média final. Quando você recebe a nota da entrevista, já dá pra saber se passou ou não.
No início da noite do dia 21 de dezembro de 2019 saiu o resultado final.
Dei o respiro mais aliviado que vocês possam imaginar. Ia começar um novo capítulo na minha vida e eu estava muito orgulhosa de mim por isso.
Eu ouvi comentários do tipo: agora o bicho vai pegar! Você vai ver a loucura que é! Bem-vinda à loucura!
E eu só conseguia pensar: que se dane! Eu passei! Eu cheguei lá, zorra! Me deixem!
Eu sabia que não ia ser fácil. Olha só tudo que eu passei só para chegar até lá como aluna regular.
Eu queria abraçar aquela loucura. E abracei.
A saga continuou e continua…
Até o próximo capítulo!
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Veja também:
Saga de uma mestranda é uma série especial de conteúdo sobre minha experiência como estudante de pós-graduação em nível de mestrado.
O que mais você quer saber dessa saga ? Eu já tenho alguns temas para posts mas deixe sua dúvida ou curiosidade nos comentários.