Cold Case (Arquivo Morto no Brasil) foi uma série policial que esteve no ar de 2003 a 2010. Atualmente as sete temporadas da produção estão disponíveis no catálogo da Amazon Prime Video.

Arquivo Morto é uma das séries marcantes do meu tempo de adolescente. Lembro de ver episódios aleatórios no SBT e na Warner Channel. E o que mais me chamava atenção era justamente o diferencial da série, em vez de trabalhar com casos quentes, crimes recém cometidos, a equipe de detetives investiga casos antigos, de anos como 1940 ou até do início dos anos 2000.

A unidade especial da polícia da Filadélfia trabalha com casos arquivados, muitos considerados sem solução, desprovidos de testemunhas, pistas ou provas suficientes para dar seguimento à investigação. Essas lacunas existiam por falta de tecnologia, casos mais urgentes para resolver, questões políticas, ou medo das pessoas de testemunharem na época do ocorrido. 

Algumas motivações para reabrir um caso arquivado eram: uma pista nova que apareceu por conta de um caso atual; o acusado está no final da sentença e vai cumprir a pena de morte, o que leva a defesa a buscar alguma apelação; uma testemunha resolveu falar; o acusado garante que está cumprindo pena por um crime que não cometeu; familiares querendo descobrir mais sobre a origem da família.

A equipe principal é composta por Lilly Rush (Kathryn Morris), a primeira mulher a entrar para a homicídios, Scotty Valens (Danny Pino), John Stillman (John Finn), Nick Vera (Jeremy Ratchford), Will Jeffries (Thom Barry) e Kat Miller (Tracie Thoms). Considero o grupo bem diverso – há presença de pessoas negras e latinas – e essa diversidade é pouco explorada durante as sete temporadas. E para mim é só nessa questão que Arquivo Morto falha. Não há desenvolvimento dos dramas pessoais da equipe. Aparece uma brecha ali, outra acolá. Mas é sempre como se os roteiristas quisessem dar uma breve resposta aos fãs – “Olha, sim, eles têm vida social, porém não é nosso foco aqui.”

Apesar do pouco espaço para os dramas pessoais da equipe, a série é carregada de drama criminal, daquele jeito intrigante. Os casos são bem embasados historicamente. E apesar do anúncio, no início de cada episódio, informar de que se trata de uma obra de ficção com personagens fictícios, alguns acontecimentos reais ajudaram a inspirar a ficção, como Jane, a rede clandestina de aborto que existiu nos anos 60, nos Estados Unidos, e diversos crimes reais de notoriedade no país.

Algo interessante de observar é a quantidade de crimes de ódio e de feminicídio ocorridos e sem solução. Em muitos dos casos mais antigos que são reabertos esses crimes eram nomeados como passionais, brigas entre homens, agressões, distúrbio da ordem. Há também muitos casos envolvendo misoginia, racismo e segregação racial, intolerância religiosa, imigrantes.

Infelizmente, a série terminou na sétima temporada e sem um desfecho merecido para a equipe de investigadores. Porém Arquivo Morto segue como uma das melhores séries de drama criminal e merece o play para uma maratona.

• Arquivo Morto tem uma trilha sonora FANTÁSTICA! Vou deixar duas playlists para quem quiser ouvir no Spotify: Cold Case – The Series Playlist / Cold Case – As melhores músicas da série