No último domingo, 28 de abril de 2024, visitei a Bienal do Livro Bahia, realizada no Centro de Convenções, em Salvador. Foi a minha primeira ida para o evento que marca o calendário literário do país.
Confesso que não tinha grande expectativa. Meu objetivo maior era fazer algo diferente em um domingo. Fui com um tênis confortável e uma roupa fresquinha, acompanhada de parte dos leitores do Clube do Livro Alagoinhas e algumas professoras da cidade.
Sempre soube do caráter comercial da Bienal. E, quando escutava falar do evento em outras cidades, o comentário mais reverberado era sobre “livros baratos”. Mas, infelizmente, minha primeira Bienal foi em um momento em que um e-book está custando R$89,90. Sim, um e-book! Imagine, um livro físico! Tenho o máximo respeito por todos os profissionais do livro no Brasil. Mas o meu comentário parte do lugar de quem tenta incentivar o hábito da leitura no interior da Bahia. Não temos livrarias e não há bibliotecas com boa estrutura. Temos muitos projetos de leitura, algumas iniciativas pontuais, mas ainda com pouco apoio. E como incentivar a LEITURA PARA TODA GENTE se um livro lançamento custa quase R$90? Esse é um breve desabafo sobre algo que comento e observo há alguns anos. E que, infelizmente, as promoções da Bienal não dão conta. Porque mesmo com algumas promoções, o livro ainda continua com preço salgado para a(o) brasileira(o) – da classe trabalhadora.
Se o preço está alto, a gente vai atrás do quê? Da experiência! E ainda assim a experiência não é de graça. Tem o ingresso, o transporte, o consumo de água, comida, etc. Faz parte do rolê capitalista.
A Bienal liberou a entrada para profissionais da educação e do livro. Além de seguir a lei da meia-entrada. Pontos positivos. O Governo do Estado da Bahia criou um crédito de R$100 para as(os) professoras(es). Vamos aproveitar tudo isso, minha gente! Documentos em dia e vamos que vamos! Direito nosso! Já falei que nada é de graça.
A estrutura é muito boa. Me arrependi da roupa fresquinha porque passei um frio danado. Olhava para o mar pela janela de vidro e me tremia de frio. O atendimento também era bom. Parei de tomar café em janeiro, mas nesse dia precisei de um coado com leite para esquentar e espantar o sono que chegou depois que eu cansei de bater perna sem comprar nada. Nem parecia minha Salvador… Peguei uma pequena fila e chegando minha vez não tinha café. Só que uns cinco minutos depois, a atendente lembrou de mim e veio me falar. Mesmo na agonia, ela lembrou. Achei massa!
A experiência para quem é amante do livro e da leitura é maravilhosa. Eu amo entrar em ambientes onde o ar é literário. Fico feliz. Meio boba! A decoração me encanta. Adoro ver famílias e crianças por lá. Reacende a esperança de dias bons e literários. Fico chocada com a disposição dos leitores de enfrentar fila para pegar autógrafo de autora/autor. Já fiz muito isso! E as/os escritoras/escritores? Haja mão para escrever tanto autógrafo! Mas acredito que vale a pena. Foi-se o tempo que autora/autor era aquela entidade distante. Agora é gente como a gente. E acho desperdício uma/um autora/autor que ainda coloca um grande limite na relação leitor-autor. Nós vivemos em um momento de cultura de fã. Vários mercados sobrevivem por conta dessa cultura. O mercado literário não fica de fora. É a/o fã que mesmo com um livro custando R$90 faz o diabo para comprá-lo, lota filas das bienais, e sai por aí espalhando a palavra de diversas(os) autoras(es).
Eu gostei de ter ido, mas meu coração bate mais forte por Festas/Feiras Literárias. Você já teve a oportunidade de andar nas ruas do Pelourinho durante a FLIPELÔ e de tomar um cravinho por lá? E de levar uma topada no pé de uma pedra das ruas de Paraty durante a FLIP? E de sair de uma palestra e olhar para o vale da Chapada Diamantina, em Mucugê, na FLIGÊ? E de tirar foto com as tartarugas de Praia do Forte no intervalo de um bate-papo literário na FLIPF? E de comer maniçoba meio-dia no sol escaldante de Cachoeira durante a FLICA? É sobre a literatura na rua, invadindo as cidades e se misturando a outras manifestações culturais. Se couber no seu bolso, vá para a Bienal, mas vá também para as Festas/Feiras Literárias! Se organizar direitinho dá para bater perna em todas (uma por ano?), mesmo sem comprar um livro.
Alguns registros da Bienal do Livro Bahia 2024
O que eu trouxe da Bienal
Algumas observações sobre esta publicação:
- Escrevi uma publicação sobre o evento em vez de apenas compartilhar imagens em stories do Instagram para tentar resgatar o hábito que tinha de escrever por aqui sobre viagens e eventos, naquele estilo diário digital mesmo #saudades;
- Estou no meio de um detox digital de Instagram e Tiktok. Depois compartilho mais sobre a experiência, mas esse distanciamento me trouxe de volta a vontade de escrever no blog de tudo um pouco;
- A motivação para voltar a escrever também vem do grupo que faço parte em que algumas mulheres blogueiras comentam sobre “vida com papel” e sobre nossa busca em manter uma relação saudável com as redes sociais;
- Para completar, encontrei uma publicação muito boa no blog Deniac sobre uma possível volta dos blogs. Em resposta ao meu comentário, ele traz uma recomendação do Austin Kleon sobre fazer do blog um repositório de conteúdos que distribuímos por várias redes sociais. Vamos juntas(os) nesse movimento? #tôdentro
Que legal. Eu estava mesmo querendo saber detalhes do evento aí. Valeu mesmo!
Foi legal! Mas só volto daqui uns 3 anos.
Bienal, para a gente aqui, é uma forma de aproximar ainda mais a Letícia dos livros. Os preços não valem a pena mas toda essa atmosfera literária, para ela, é incrível! Posso estar enganada mas festas e feiras não me parecem tão atrativas para crianças… mas vou ficar de olho e testar uma ida!
A questão das festas e feiras vai depender muita da cidade. Pq é ao ar livre. A movimentação é toda pela cidade. Mas tem programação e espaço para crianças. Acho uma boa tentativa/programação de 5 anos em diante.