Não sei por aí, mas do lado de cá tenho visto constantemente mensagens de apoio direcionadas para as pessoas que estão se sentindo exaustas por conta da pandemia. Mensagens se referindo, principalmente, para a área de produtividade. Se estamos em uma situação atípica, não devemos nos cobrar da mesma forma de um contexto não pandêmico. Sou uma pessoa que não gosta de cobranças exageradas. Acredito sim que há disciplina e persistência com limites saudáveis, mas tudo que extrapola e pesa no emocional o no físico é ruim de modo geral.
Antes da pandemia, a gente precisava criar disposição e coragem para enfrentar o trânsito louco, ônibus lotados, reuniões presenciais sem fim. E no momento contínuo da pandemia, é preciso criar disposição e coragem para seguir em frente apesar de tudo que acontece ao nosso redor. Fica complexo exigir produtividade e motivação quando realmente não sabemos o que nos espera no futuro. Eu tenho buscado fazer o exercício diário de me questionar: o que eu posso fazer hoje? o que eu posso fazer agora – por mim e por quem está próximo de mim? Tudo isso para tentar me manter no presente. Tentar trazer o corpo, a mente e o coração para o agora. É um exercício difícil. Mas tem sido algo necessário e que me ajuda como um guia nesse caos que eu não posso controlar.
Além desse exercício, tento colocar em prática a “dose mínima eficaz”, prática proposta pela escritora Christine Carter, no livro O Ponto de Equilíbrio. E que trazendo mais para perto de nós, tento colocar em prática o “mínimo viável diário”, recomendado pela autora Thais Godinho, do blog, livro e método Vida Organizada. As duas autoras nos incentivam a fazer o mínimo viável, a dose mínima, para manter a rotina girando e a vida acontecendo como gostaríamos.
A proposta de fazer o mínimo bate de frente com a ideia de produtividade máxima. E nos convida a respeitar o nosso ritmo a cada dia. Carter, inclusive, até nos diz que “devemos aprender a honrar os ritmos naturais de nossos dias e de nossa vida.” E a Godinho nos ajuda a delimitar o mínimo viável de determinado projeto ou ação para executar no dia em que não estamos nos sentindo totalmente bem.
Dose mínima eficaz/ Mínimo viável diário – Na prática o que isso quer dizer?
Naquele dia em que eu estiver muito exausta emocionalmente ou um dia de TPM absurda, vou buscar descansar sim, mas se eu quiser e ver que consigo realizar algo, vou aplicar as propostas de dose mínima eficaz e mínimo viável diário.
Para ilustrar, vou compartilhar duas experiências pessoais recentes. Na semana passada, eu fiquei bastante triste com a morte do ator Paulo Gustavo. Foi uma morte que entristeceu e deixou com raiva boa parte do país. Estamos exaustos de perder de pessoas queridas, de tanta corrupção, descaso e desmonte. Em paralelo a tudo isso, ainda é preciso tocar a vida, o trabalho, cuidar da casa, cuidar de si. Neste dia eu lembrei de colocar em prática a dose mínima eficaz/ mínimo viável diário para manter minha rotina e não me afundar no sofá lendo mais notícias.
Eu precisava corrigir trabalhos de alunos (mais de 40 pessoas). No meu plano ideal, passaria um turno, aproximadamente 4h, fazendo as correções, mas eu realmente não estava bem e nem focada o suficiente. E isso, sem dúvidas, poderia até prejudicar a correção dos trabalhos. Mas eu também sabia que se deixasse para depois o volume seria maior porque haveria outra turma e outras atividades a fazer. Fiz um acordo comigo: 4h não consigo, mas 2h eu consigo, com pausas para os intervalos. E foi isso que aconteceu!
Outra situação foi com o exercício físico. Tenho marcado na minha agenda: 17h, exercício físico. Mas naquele dia não estava com a motivação necessária. Só que andar de bicicleta me ajuda a aliviar a tensão e a ansiedade. Então fui lá pegar a minha dose mínima eficaz – 25 minutos, no lugar de 1h. E, na verdade, acabei fazendo 30min porque me senti bem durante a prática e aproveitei mais um pouco. O acordo deu certo e ainda rolou um bônus.
Tem dias que a gente quer ficar mesmo afundada no sofá. É exatamente o que a gente precisa. Mas nós sabemos que não dá para fazer sempre. Não dá simplesmente para nos deixar afundar. É preciso cuidado de si porque isso também é uma forma de resistência contra tudo o que está aí querendo nos tirar direitos e liberdade.
Por aqui tem dado certo: o exercício “o que posso fazer agora por mim e por quem está próximo?” e as práticas da dose mínima eficaz e mínimo viável diário em dias mais tensos. Espero que te ajude de alguma maneira também.
Confira os livros (adquirindo pelos links abaixo você colabora com o blog):
- Vida Organizada (Thais Godinho)
- O ponto de equilíbrio: Como Obter O Máximo De Resultados Com O Mínimo De Esforço (Christine Carter)
Nossa, era EXATAMENTE o que eu precisa ler hoje. Me sinto culpada por não produzir como antes
Oie, Ligia! Ah que bom que meu texto te encontrou!
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