Existe um tipo de fotografia que eu sou apaixonada, a macrofotografia. Gosto de fotos macro porque nos permite visualizar ou fotografar um objeto nos seus detalhes, com suas texturas e suas cores de forma mais nítida.
Hoje esse tipo de fotografia também se popularizou através da função modo retrato ou modo foco em vários celulares. Você focaliza um objeto ou pessoa e tudo que está por trás é desfocado. Eu lembrei bastante da macrofotografia enquanto lia “Faço tempo – 4 passos para definir suas prioridades e não adiar mais nada”, de Jake Knapp e John Zeratsky.
Jake e John são designers e já trabalharam no desenvolvimento de vários produtos da Google. Só em falar Google podemos ter noção que a vida dos caras deve ser bem corrida. E eles perceberam isso até que resolveram desenvolver técnicas que pudessem auxilia-los a fazer mais do que trabalhar. Nas palavras dos autores, “Este livro é para dar uma desacelerada nessa loucura. É para você arrumar tempo e destiná-lo às coisas que importam. Acreditamos que é possível sentir-se menos ocupado, ter menos distrações e curtir mais o momento presente.”
Para os autores, existem duas forças que competem pela nossa atenção no século XXI: o bonde da ocupação e as piscinas infinitas. Bonde da ocupação é a nossa cultura que cultua o fato de estar ocupado o tempo todo como sinômino de sucesso. E as piscinas infinitas são “aplicativos e outras fontes de conteúdo infinitamente renováveis”, como o feed infinito do Instagram ou as várias possibilidades de filmes e séries no catálogo de streaming.
Ao falar sobre essas forças, eles ainda nos alertam para o modo como nos relacionamos com as novas tecnologias, algo que eles chamam de modo padrão. Por exemplo, o padrão de uso do celular e das redes sociais é com base nas notificações. Sempre recebemos uma mensagem como: ative as notificações para não perder as atualizações. E se não tivermos um mínimo de controle em relação a isso, continuaremos no bonde da ocupação, nadando nas piscinas infinitas e com aquela mentalidade de “não tenho tempo para nada”. Porque o normal é não deixar de responder ninguém no Whatsapp, o normal também é viver com a agenda lotada de reunião e responder e-mails ou qualquer mensagem de modo instantâneo. Vivemos na sociedade da reatividade. Reagimos às notificações que chegam sem se dar conta de que essas reações instantâneas são, muitas das vezes, o que nos fazem chegar ao fim do dia cansados, nos sentindo improdutivos e com a sensação de “fiz muita coisa, mas não o que deveria ter feito”. Jake e John dizem que “a distração é literalmente um trabalho de tempo integral”.
Com o livro “Faça Tempo”, os autores nos mostram algumas estratégias para escolher no que deseja focar a cada dia. E nos alertam que não é poupar tempo para fazer o que gostaríamos de fazer, mas sim criarmos tempo para o que realmente nos interessa. Até porque poupar está bem difícil, mas criar espaços dentro do nosso dia para nos dedicar aos projetos pessoais, por exemplo, é algo possível. É como se eles dissessem, olha, tempo todo mundo tem igual, a questão mesmo é como usamos esse tempo.
O método “Faça tempo” consiste em quatro etapas: destaque, foco, energia e reflexão. Destaque é começar o dia com a escolha de uma atividade para priorizar. Foco é o convite para superar as distrações do século XXI e focar na atividade. Energia é estar atento ao seu nível de energia durante o dia, em que momento você rende mais, e quais atividades te ajudam a recarregar as energias. Reflexão é estar em constante observação desse sistema em busca de aperfeiçoa-lo.
Pensando na macrofotografia, quando sabemos o que queremos captar com a nossa lente fotográfica, nós focamos no nosso objeto de desejo e desfocamos todo o resto. Atentamos para a beleza da imagem que queremos criar, o que queremos evidenciar com aquele momento e damos o clique. Verdade que nem sempre o primeiro dá certo, quem gosta de fotografia sabe, seguimos experimentando com novas tentativas, até termos a nossa imagem macro perfeita (aos nossos olhos).
Pensando em questões de produtividade, eu tenho ativado o modo foco há bastante tempo e o livro me ajudou a melhorar essa estratégia. Modo foco é a busca por controlar de maneira saudável a nossa atenção.
Uma das táticas para colocar o modo foco em ação é “celular sem distrações”. E isso nos ajuda a cultivar o bem-estar digital, um relacionamento saudável com a tecnologia, além de nos manter focados no que realmente nos interessa. Somos mais proativos e não reativos quando utilizamos o celular sem distrações.
Faz parte da tática celular sem distrações: reconfigurar os padrões, o que quer dizer escolher quais notificações você deseja receber do seu celular e das redes sociais; criar limite de acesso às redes sociais – o que evita cair em uma piscina infinita. Acredito também que diminui a autocrítica já que paramos de ver o quão saudáveis, criativos, produtivos, lindos e felizes as pessoas estão no Instagram. A gente realmente foca no que interessa, nossa vida, nosso desempenho e nossos projetos.
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