Eram 6h de um dia já interminável. Parecia que todo o possível já tinha acontecido muito antes do momento em que havia pisado no chão frio do seu quarto. A noite foi movimentada, cheia de sonhos indecifráveis que tinham deixado a sensação de não ter dormido.
Tinha aquela louca e estranha ideia de que uma noite agitada e sonhos incompreensíveis resultavam em breves acontecimentos inesperados.
E naquela manhã, enquanto olhava o fogão esquentar a água para aquele que seria o seu despertar e conforto, resolveu buscar na internet o que significava aquele emaranhado de imagens sem sentido que haviam movimentado seu sono.
Um papagaio. Um cachorro. E uma criança. Era tudo que lembrava.
Depois de muito pesquisar e concluir que não haveria ali explicação lógica para os flashs de uma noite mal dormida, resolveu seguir a rotina de mais um dia:
Café
Banho
Roupa
Pedir proteção
Sair de casa
Ônibus
Ir ver o que seria de mais um dia
Acreditar na rotina como algo sufocante que aprisiona e engessa não era um dos seus pensamentos.
Era metódica. Gostava das coisas nos lugares certos e nas horas certas.
Às vezes achava que ser metódica era só um capricho de alguém que nunca teve ninguém para desarrumar seu arrumado.
Mas, no fundo, tinha aprendido a conviver com aquela que sonhava com coisas sem sentido e acordava sem rumo, mas que logo se aprumava porque entendia que a rotina tinha que acontecer. E se caso algum incômodo, ou rusga surgissem, ela sabia que se amaria mais amanhã.