É tempo de valorizar a produção brasileira contemporânea
A literatura brasileira tem um dia marcado no calendário que passa despercebido por muita gente. Primeiro de maio, dia do trabalhador, também é o dia da Literatura Brasileira. A data é uma homenagem ao romancista José de Alencar, nascido em 1º de maio de 1829. Alencar escreveu romances indianistas, regionalistas, históricos e urbanos, livros que retratavam o Brasil daquela época mais próximo da realidade. Suas obras mais conhecidas são: O Guarani (1857), Iracema (1854), Lucíola (1862) e Senhora (1875).
De lá até os dias atuais, o Brasil mudou e sua produção artística e cultural acompanhou essas mudanças. Há quem diga que jamais teremos escritores como Alencar, Machado de Assis e Jorge Amado. Reconheço a importância e os coloco, sim, em lugar privilegiado. Há quem diga que os brasileiros têm preguiça de ler e estão apenas interessados em textos soltos na internet, que muitas vezes levam créditos errados.
E alguns outros criticam o mercado dizendo que esse está apenas interessado em projetos lucrativos, como as feiras literárias. E que livro no Brasil é caro, mas é bom lembrar que temos o site Domínio Público (e outros similares), as bibliotecas, os sites de trocas e os sebos.
São muitas questões para se pensar, avaliar, discutir e rever. No meio disso tudo, a internet cria espaços para discussões sobre literatura, novos meios de divulgação, ferramentas de autopublicação, projetos literários colaborativos e uma maior aproximação entre escritor e leitor.
O escritor tem a chance de, caso não seja publicado por uma editora ou simplesmente não tenha interesse, desenvolver seu projeto livremente. E o leitor, tem a oportunidade de se juntar a uma base de fãs da sua série ou franquia favorita para trocar impressões de leitura e até mesmo criar outras histórias baseadas na original. Há uma certa liberdade na internet, que a gente sabe que nem todo mundo usa de forma positiva.
Parece que o célebre homem cordial que definia com otimismo o brasileiro transformou- se num monstro agressivo e sanguinário cada vez que tecla uma opinião no teclado. Mas acusar a internet deste crime é tapar o sol com a peneira – ela apenas revela, torna nítido e visível, o quanto nos falta. A universalização da internet e das redes digitais apenas trouxe o Brasil real à tona, e o resultado é frequentemente assustador.
Cristovão Tezza (Literatura à margem)
Em 2014, coloquei como meta de leitura “ler mais brasileiros”. A ideia era muito simples, ler, ao menos, um livro por mês que fosse brasileiro, clássico ou contemporâneo. Acabei focando apenas nos contemporâneos e conheci muitos escritores interessantes, como a Socorro Accioli, Marçal Aquino, Eric Novello, Eliane Brum, Ieda de Oliveira e Anderson Henrique. Dessa forma, também tive contato com um pouco de cada gênero literário – realismo fantástico, literatura fantástica, literatura policial, drama, romance, autobiografia, literatura infantojuvenil.
As formas de descoberta desses novos escritores também foram variadas. Encontrei esses autores através de indicações de amigos nas redes sociais digitais, blogs e vlogs literários, sites de editoras e dos próprios escritores. Há inúmeras outras formas de encontrar novos autores para ler. É só sairmos um pouco da zona de conforto e da supervalorização do que vem de fora.
Vamos esquecer o complexo de vira-lata e sermos otimistas, orgulhosos. Não precisamos superestimar as falhas, os problemas. Enquanto continuarmos a fazer isso, vamos deixar passar as coisas boas, e dentre essas coisas boas estão nossos artistas, nossas música, nossa literatura. Então, fica aqui um convite, vamos ser e viver mais o Brasil e vamos ler mais brasileiros!
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Super dica e ótimo texto.
Confesso que brasileiros só li os principais clássicos… Creio que desta era, para não dizer que não li nenhum, há alguns dois ou três contemplados. Mas vou buscar dar corpo a essa lista. #VamosLerMaisBrasileiros 😉
Leia sim, Cello! Tem muita coisa boa sendo produzida. 😀
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Então vou te mandar flores…
🙂