Uma pessoa fã de seriado e cafeterias

Cresci em uma cidade do interior da Bahia e também cresci assistindo aos seriados norte-americanos dublados no SBT. Ai, ai, as contradições…

A minha geração foi bastante influenciada pela televisão. E eu era fã de novelas e seriados. Lembro de ficar acordada durante a madrugada para ver as séries que passavam no SBT sem respeitar a ordem dos episódios. Na verdade, sem respeitar o telespectador, afinal os episódios eram sempre repetidos.

Aquelas imagens hollywoodianas permeavam o meu cotidiano e eu de cá tentava viver a vida dos seriados usando roupas, cortes de cabelo e sapatos similares. Era uma loucura!

Mas havia algo em especial que não tinha como “imitar” – as cafeterias! Eu simplesmente amava a ideia daqueles lugares incríveis em que as pessoas iam para tomar café em copos estilosos, conversar, fazer reunião de negócios, encontrar amigos e paquerar. Parecia que tudo acontecia em uma cafeteria – o início, o fim, os recomeços. E não tinha como imitar isso porque simplesmente na minha cidade não tinha uma cafeteria. Lanchonetes? De todos os tipos! Padarias? Sim, inclusive com o famoso pingado que hoje tanto amo e não vivo sem. Mas uma cafeteria estilo seriado norte-americano? Infelizmente, não tinha!

Eu entrei em algo similar quase com 20 anos de idade, quando já estava morando na capital Salvador, na época da faculdade. E era uma cafeteria dentro de uma livraria. Que combo especial! Não à toa amava passar o tempo naquele lugar conversando com amigos, tentando ler algum livro e, sim, tive até algumas paqueras e reuniões de negócio por lá. 

Lembro também da emoção de entrar pela primeira vez em uma Starbucks, em São Paulo, por volta de 2010, se não me falha a memória. Eta que delicia poder ter um copo com aquela sereia verde e meu nome escrito errado. Mas o café não achei tão delicioso assim.

E, então, 16 anos depois, estou de volta à minha terra. Certa vez, passando de carro por uma rua, avistei pela janela uma fachada de café estilo norte-americano. Sim, as fachadas são inconfundíveis. 

Por ironia da vida, o café fica justamente em uma das ruas que precisava passar na ida e volta do colégio na infância/adolescência, enquanto estava sendo super influenciada pelos seriados e queria muito encontrar no meu real algo similar àquela maravilha exibida pelo SBT repetidamente.

Em uma sexta-feira de chuva, o tempo estava agradável e propício para uma bebida quente. Assim me levei para passear e fui visitar a cafeteria. Chegando lá pedi uma tortinha de carne seca (pois influenciada sim, mas muito nordestina também) e um Latte Caramelo. Tudo delicioso! A trilha sonora? Certeza de que era alguma playlist Coffee House ou Coffee Shop, do Spotify. Reconheço porque escuto bastante para trabalhar em casa. E são aquelas músicas que parecem ter saído da trilha sonora de um seriado de TV.

De alguma maneira aquele lugar parecia me levar para outro tempo e espaço, mas um tempo e um espaço de conforto. Sim, me senti em um seriado. E justo quando começo uma nova temporada em minha vida. É, parece que é possível que tudo (ou quase tudo) aconteça em uma cafeteria – o início, o fim, os recomeços.

Espalhe por aí:

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5 comentários em “Uma pessoa fã de seriado e cafeterias

  1. Amei a crônica. Ainda não conheço o starbucks, mas isso vai mudar logo. Por outro lado, tenho visitado e experimentado vários cafés aqui em Salvador.

    • Achei o máximo a notícia sobre Starbucks em Salvador. Vou super visitar também!

    • Eu fui na Starbucks nessa época e depois não voltei mais Obrigada

  2. Pingback: [microblog] junho de 2024 - Jeniffer Geraldine - Blog | Crônicas de uma leitora