O título desse texto é uma citação do filme A forma da água, dirigido por Guillermo del Toro e que foi escrito por ele e Vanessa Taylor. O longa recebeu 13 indicações ao Oscar 2018, além de já ter recebido alguns outros prêmios importantes, como o Globo de Ouro de melhor diretor.
Escolhi esse título porque foi exatamente assim que me senti quando terminei de assistir o filme. A forma da água é uma história de amor, um conto de fadas sombrio, em que o monstro fica no final com a mocinha. Toro, um apaixonado por monstros, fez questão de deixar claro sua referência e homenagem ao clássico O monstro da Lagoa Negra (1954).
Em A forma da Água temos Elisa, interpretada brilhantemente por Sally Hawkins, que é faxineira de uma base militar durante a década de 1960, período da Guerra Fria. Lá, Eliza se apaixona por um ser que foi encontrado e capturado pelo coronel Richard Strickland, vivido pelo ator Michael Shannon (que conseguimos odiar do início ao fim do filme). Essa criatura, vivida por Doug Jones, foi levada até o laboratório da base para ser estudada e quem sabe utilizada na guerra e na corrida espacial.
Elisa não fala, mas escuta. Sendo assim, a sua comunicação é feita através da linguagem de sinais, o que deu ao filme um silêncio encantador, além de uma calma e leveza poética. O mais interessante é que Elisa vai conseguir ensinar a linguagem de sinais a essa criatura e assim estabelecer uma comunicação mostrando também que esse ser é inteligente, pode se comunicar e entender emoções.
Através desse relacionamento entre espécies diferentes, A forma da água vai passar a mensagem de que toda forma de amor é válida, que é possível amar de diferentes maneiras. Uma das cenas mais encantadoras é quando Elisa conversa com seu melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e tenta explicar o motivo do seu amor por essa criatura. O motivo é bem simples, mas complexo em se tratando de relações e expectativas.
Quando ele olha para mim… O jeito que ele olha para mim… Ele não sabe o que falta em mim. Ou como sou incompleta. Ele só me vê pelo que sou. Como eu sou. E ele fica feliz em me ver, todas as vezes. Todos os dias.
O filme ainda tem algumas subtramas interessantes, como a do próprio coronel Strickland, um homem estressado que vive a pressão do seu trabalho, machista, e bem fácil de ser odiado por todos ao seu redor. Os amigos de Elisa também são pontos importantes na história, Giles é um artista solitário que vive triste por conta da idade e fracassos amorosos (falando bem superficialmente) e Zelda (Octavia Spencer) que é um símbolo da força da mulher no filme, ao mesmo tempo que seu personagem também nos faz pensar sobre desigualdade de gênero e preconceito racial.
E além de todo enredo, o filme também me encantou através da fotografia, cenário e trilha sonora. Permanece o tom verde na tela para reforçar o poder que água tem em toda história. E o cenário bem vintage com direito a Elisa morando na parte de cima de um cinema faz brilhar os olhos de quem gosta um pouco de nostalgia. A trilha sonora produzida por Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste) é daquelas de acalmar e vibrar o coração.
Acredito que fui enfeitiçada por esses elementos acima porque ao final do filme, eu me senti cheia de amor de um jeito estranho mas maravilhoso. Foi realmente como se tivessem sussurrado no meu ouvido um poema escrito por alguém apaixonado.
- Veja o trailer do filme
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- Imagens do post: Copyright Twentieth Century Fox France
- Leia também: Novo LIVRO de Guillermo del Toro, ‘A forma da água’ chega ao Brasil em 2018!
Espalhe “Um poema sussurrado por alguém apaixonado” por aí! 😉
Jeni, adorei suas impressões sobre o filme e me encantei com praticamente os mesmos pontos.
Del Toro é lindo demais, essa fotografia em tons aquáticos ficou incrível.
Abração e bora ver os que faltam antes do Oscar kkkkk
Ficou mesmo, Luke!
Vamos que vamos! Correndo contra o tempo rs
bjão