Mulheres no Cangaço

Quem era Maria, sem ser a Bonita, sem ser a personagem do imaginário popular?
Maria Bonita era/é um produto da indústria do entretenimento. Maria de Déa era uma mulher comum, nos anos 1920, que não seguiu o destino esperado por sua família e a sociedade do interior da Bahia. Ainda casada, se apaixonou por Virgulino Pereira, o Lampião, e foi viver com ele pelo sertão nordestino. Foi a primeira e única mulher que escolheu viver entre os cangaceiros. Todas as outras não tiveram a opção de escolha.


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Para além dos mitos e causos heróicos, a jornalista Adriana Negreiros traz a história do cangaço a partir da perspectiva das mulheres no livro “Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no Cangaço”.
A autora fez um trabalho de quebra-cabeças, já que naquele tempo o que se registrava eram os relatos masculinos sobre o cangaço. A mulher sempre foi excluída da história. Não tinha direito a vida pública e nem a expor opinião. E quando falavam eram sempre questionadas. E ainda são.
Há muitos relatos de estupro e violência e de como os cangaceiros eram cruéis com todos – independente de sexo, raça, classe, idade. Muitas mulheres foram sequestradas ainda crianças/adolescentes para viver ao lado dos cangaceiros. A maternidade também não era uma opção. Elas engravidavam mas os seus filhos eram assassinados ou enviados para alguma família ou padre.
Adriana Negreiros desmistifica a personagem Maria Bonita. Não era heroína. Não era solidária com as outras mulheres do cangaço. Foi uma mulher transgressora que escolheu viver uma vida diferente daquela que estava destinada.
Ao desmistificar uma personagem, a autora coloca em cena um capítulo importante sobre o que a opressão patriarcal masculina fez ao longo da história com as mulheres no Brasil.

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