No vídeo tem Diário de Leitura com indicação do livro de ficção científica, Kindred – Laços de Sangue, escrito por Octavia Butler. E CINELOG com o filme Ocean’s 8 (Oito mulheres e um segredo) que está em cartaz nos cinemas.
Hoje compartilho com vocês os filmes e as séries que vi durante o mês de maio. Entrei numa fase empolgante de super-herói por causa de Os Vingadores. Mas acho que estava precisando de algo leve e descontraído. 😉
O documentário “What Happened, Miss Simone?” venceu o VOCÊ DECIDE #1. Então o papo de hoje é sobre Nina Simone, pianista, cantora e ativista dos direitos civis.
No mesmo final de semana que tirei um tempinho para conhecer a vida de Malala, através do documentário “He Named me Malala”, eu fui no embalo e também vi o documentário “Maya Angelou, e ainda resisto”, sobre a artista Marguerite Ann Johnson, que foi lançado em 2016 e está disponível na Netflix.
Marguerite Ann Johnson, mais conhecida por Maya Angelou, foi o que podemos chamar de artista completa. Ao longo da vida, ela atuou, dançou, cantou e escreveu, principalmente poesias. Maya nasceu em 1928, em St Louis, nos Estados Unidos. Morou parte de sua infância no Arkansas com sua sua avó Annie, que fez questão de ensinar a Maya, e seu irmão, a ler e escrever.
No documentário, Angelou conta como foi viver naquela época no Arkansas, sobre o preconceito que sofreu, o sentimento de não pertencimento àquele lugar, e as cicatrizes que o racismo deixou na sua vida. Aos 7 anos de idade, ela foi estuprada pelo namorado da mãe. Não se calou sobre o fato, o homem foi preso, e logo depois que saiu da cadeia foi morto. Maya passou a acreditar que sua voz havia assassinado aquele homem e então ficou cinco anos sem falar.
Foi durante esse total silêncio que Maya teve um encontro com os livros e a poesia. Ela leu todos os livros da biblioteca dos negros e também todos que podia ter acesso da biblioteca dos brancos. Nessa mesma época, uma vizinha sempre a convidava para ir a sua casa comer uns biscoitos e ouvir poesia. E foi através da poesia que Maya quebrou o seu silêncio.
Se ela havia se calado porque acreditava que sua voz era mortal, para provar aquela sua vizinha o seu amor pela poesia, ela precisava dar voz à poesia. Então para provar o seu amor pelas palavras que Maya voltou a falar.
A história da vida de Maya Angelou é permeada pela educação. A leitura dos livros e da poesia preencheu o silêncio causado por uma violência sexual e a ajudou a superar o medo da sua voz. Ao mesmo tempo que a fez compreender o poder que sua voz e as palavras tinham de matar os estupradores, denunciar a violência sexual, o preconceito, a hipocrisia, as desigualdades de gênero e raça.
Além de ser uma artista, ela também foi uma ativista dos direitos civis, feminista declarada, uma mulher extremamente política e confortável com sua negritude e gênero. Ela lutou, não só com sua voz, mas com suas poesias, pelo fim das discriminações.
“Maya Angelou, e ainda resisto” é um documentário emocionante. A história de vida da Maya é narrada por ela mesma, amigos, seu único filho,Guy Johnson, artistas que foram e ainda são inspirados por ela, pesquisadores, e figuras públicas, como Bill Clinton, Oprah Winfrey, Alfre Woodard e Cicely Tyson. São múltiplas vozes para falar de uma mulher que foi diversa, autêntica, fenomenal e acolhedora.
Angelou faleceu em 2014, aos 86 anos, mas a sua voz, suas palavras e a sua poesia permanecem.
O seu primeiro livro de grande sucesso e impacto foi o “I Know Why the Caged Bird Sings”, lançado em 1969. Infelizmente ainda não há edição brasileira, mas encontramos no Brasil um outro livro que também é considerado uma grande obra da autora que é o “Carta à minha filha : um legado inspirador para todas as mulheres que amam, sofrem e lutam pela vida”, publicado pela Editora Nova Fronteira. E em 2018, a Editora Rosa dos Tempos, do Grupo Editorial Record, lançou o “Mamãe & Eu & Mamãe”,último livro publicado por Maya, em 2013.
Conteúdo em vídeo (há um trecho com Maya recitando um dos seus poemas):
No último final de semana, tirei um tempo para conhecer um pouco da vida da Malala, através do documentário “He named me Malala”, que está disponível na Netflix.
Malala é uma jovem ativista mundial que luta pelo direito à educação feminina no seu país, o Paquistão. É também a pessoa mais jovem a ganhar um Nobel da Paz. Ela recebeu o prêmio aos 16 anos, em 2014.
Através do documentário, vamos descobrindo quem é Malala, sua origem, sua família, seus ideais. De onde veio esse desejo de lutar pela educação feminina, pelos direitos civis, pela liberdade feminina.
Malala recebeu o nome de uma mulher notável que durante a guerra levantou a voz e morreu por isso. Foi nomeada pelo pai, Ziauddin Yousafzai (que por sinal também é o ganhador do Nobel), e teve seu nome escrito na árvore genealógica da família, que apesar de ter 300 anos, não havia registro de uma mulher. E a história de Malala começa principalmente ao lado desse pai, que já tinha ideias não conservadoras, entendia a importância da educação e respeitava as mulheres.
Quando tinha entre onze e doze anos, no início de 2009, Malala começou a passar informações para BBC sobre como era viver no Vale do Swat, como estava a situação naquela região tomada cada dia mais pelo poder Talibã. E com isso ela foi ficando famosa, dando entrevistas, aparecendo, se tornou um alvo porque não escondeu seu rosto, sua identidade, suas ideologias, suas lutas. Em 2012, quando estava no ônibus escolar com amigas, foi vítima do Talibã. Foi baleada na testa, ficou em coma, mas sobreviveu. E apesar da recuperação difícil, voltou a ser a Malala ou até mais forte do que já tinha sido antes.
A produção vai intercalando depoimentos da própria jovem, dos seus dois irmãos mais novos, do seu pai, mostra um pouco da sua mãe, a vida que a família tem que levar, exilados do próprio país, porque se ela voltasse, o Talibã iria tentar matá-la novamente. Temos também algumas partes no formato de animação, algumas imagens de momentos importantes da carreira de ativista, sua casa, a escola onde estuda. Mostra uma menina que apesar de ser uma ativista mundial, também fazia o dever de casa e tinha suas dúvidas, anseios, em relação a relacionamentos.
O nome do documentário é “He named me Malala” e parece responder uma questão polêmica de que Malala tinha começado a trilhar esse caminho de luta não por desejo próprio, mas influenciada pelas ideias do pai, que já era muito antes uma voz ativa na luta pelos direitos civis no Vale do Swat. E várias pessoas também falavam que ela só fazia tudo o que o pai mandava, ou dizia apenas o que o ele mandava. Queriam silenciar a voz de uma jovem garota, deslegitimar suas atitudes, e essa história, essa estratégia, a gente já conhece.
Mas Malala é muito forte, sensata, calma, atenta, a gente percebe isso através do documentário e ela soa muito sincera quando diz que o pai a chamou de Malala, mas não a fez Malala. Ela tinha feito uma escolha por uma vida de luta porque queria estudar, ler, escrever.
É interessante a gente olhar pra história da Malala e perceber as similaridades com o Brasil. Uma parte muito forte e que ficou muito em mim, principalmente por conta dos últimos acontecimentos no país, é quando perguntam ao Pai: quem atirou em Malala? E ele responde: não foi uma pessoa, foi uma ideologia.
A luta pela educação feminina é histórica, é mundial, a mulher não tinha esse direito. A luta por uma educação de qualidade, que é uma possibilidade da construção de um conhecimento crítico, é mundial. A luta por igualdade racial e de gênero é também mundial. Por isso a história de Malala nos emociona, nos inspira. A própria Malala, no seu discurso do Nobel da Paz, em 2014, disse que contava sua história não porque era única, mas porque não era a única.
Esse é um questionamento feito pelo protagonista do filme “Com amor, Simon” que estreia no Brasil no dia 5 de abril. O longa é inspirado no livro de grande sucesso da autora estadunidense Becky Albertalli, “Simon vs. a agenda Homo Sapiens” (2015).
Simon (Nick Robinson) é um adolescente de dezesseis anos que tem uma vida normal e feliz ao lado da sua família perfeita e amigos, mas ele esconde um segredo: sua homossexualidade. Com o desejo de manter sua orientação sexual longe dos corredores da escola e dos blogs, Simon vai adiando como pode a sua “saída do armário”. Na verdade, ele até acredita que não precisa fazer isso e levanta um questionamento interessante: por que só gay precisa se assumir?
Acontece que o segredo de Simon será usado contra ele. Tudo começa através de uma troca de e-mails com um rapaz de apelido Blue e que está passando por uma fase similar. Essas correspondências foram descobertas por Martin (Logan Miller I), colega da escola, que passa a chantageá-lo. Para manter “a porta do armário fechado”, não só a sua, mas a de Blue também, Simon cede à chantagem e começa a fazer tudo que Martin quer, isso o faz perder amigos e entrar em muitas confusões.
De forma leve, e com muita sensibilidade, o filme nos faz pensar sobre essa pressão que existe na sociedade para que o gay assuma sua orientação sexual. Simon não queria se assumir porque achava que aquele não era o momento e também não queria fazer disso um grande acontecimento, queria que fosse algo normal. E aqui o longa ironiza e ilustra como seria se os heterossexuais precisassem se assumir.
Uma das cenas mais interessantes para mim é quando Simon diz para sua família, após se assumir: ainda sou eu. É um recado para tantos outros jovens e suas famílias que passam por situações semelhantes fora da tela do cinema. Simon ainda é Simon. A sua orientação sexual não o define totalmente, é apenas parte de quem ele é.
“Com amor, Simon” é um filme para todo mundo ver. Emociona por falar de aceitação, respeito ao próximo e, é claro, amor.
Finalizei em fevereiro a maratona do Oscar 2018. Foi bem tranquilo fazê-la porque foquei apenas na lista de indicados ao melhor filme e ainda tirei os de guerra (porque não sou obrigada rs). Vi muita coisa boa, algumas produções entraram até para lista de favoritos da vida.
Nos dois vídeos abaixo comento sobre os filmes que vi. Na parte I tem Três anúncios para o crime e Me chame pelo seu nome. Na parte 2, The Post – A guerra secreta, Trama Fantasma e Projeto Flórida. Mas eu também vi Corra!, Lady Bird, A forma da água e Viva – a vida é uma festa (indicado a melhor animação).
Fica bem difícil dar algum palpite, mas tentarei. Vou me inspirar no Luke, do Um Café com Luke, e usar cores: vermelho – para quem estou torcendo; azul – para quem acho que vai ganhar; rosa – se estou torcendo e acho que vai ganhar. 😀
MELHOR FILME:
Me chame pelo seu nome
O destino de uma nação
Dunkirk
Corra!
Lady Bird – É hora de voar
Trama Fantasma
The Post – A Guerra Secreta
A forma da Água (o que seria ótimo também)
Três anúncios para um crime
MELHOR DIRETOR:
Martin McDonagh — Três anúncios para um crime
Jordan Peele — Corra! (o que seria ótimo também)
Greta Gerwig — Lady Bird: É hora de voar
Paul Thomas Anderson — Trama fantasma
Guillermo del Toro — A forma da água
MELHOR ATRIZ:
Sally Hawkins — A forma da água
Frances McDormand — Três anúncios para um crime
Margot Robbie — Eu, Tonya
Saoirse Ronan — Lady Bird: É hora de voar
Meryl Streep — The Post – A Guerra Secreta
MELHOR ATOR:
Timothée Chalamet — Me chame pelo seu nome
Daniel Day-Lewis — Trama Fantasma
Daniel Kaluuya — Corra!
Gary Oldman — O destino de uma nação
Denzel Washington — Roman J. Israel, Esq.
MELHOR ATOR COADJUVANTE:
Willem Dafoe — Projeto Flórida
Woody Harrelson — Três anúncios para um crime
Richard Jenkins — A forma da água
Sam Rockwell — Três anúncios para um crime
Christopher Plummer — Todo o Dinheiro do Mundo
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:
Mary J. Blige — Mudbound
Allison Janney — Eu, Tonya
Lesly Manville — Trama Fantasma ( o que seria ótimo também)
Laurie Metcalf — Lady Bird: É hora de voar
Octavia Spencer — A forma da água
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO:
Me chame pelo seu nome — James Ivory
Artista do desastre — Scott Neustadter e Michael H. Weber
A Grande Jogada— Aaron Sorkin
Logan — Scott Frank, James Mangold e Michael Green
Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi — Virgil Williams and Dee Rees
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL:
Doentes de Amor — Emily V. Gordon e Kumail Nanjiani
Corra! — Jordan Peele
A forma da água — Guilermo Del Toro
Lady Bird: É hora de voar — Greta Gerwig
Três anúncios para um crime — Martin McDonagh
Obs: eu só vi uma animação que foi “Viva, a vida é uma festa” e gostaria MUITO que ela ganhasse.
A cerimônia do Oscar acontece no dia 04 de março. Quais são seus palpites?
Com roteiro e direção de Greta Gerwig, a dramédia “Lady Bird – A hora de voar” recebeu cinco indicações ao Oscar 2018. Além de já ter sido o vencedor do Globo de Ouro em duas categorias (melhor filme cômico e melhor atriz em filme cômico). E Greta entrou para a história como a quinta mulher indicada ao prêmio de melhor direção.
Gerwig também é roteirista de Frances Ha, um dos meus filmes favoritos da vida, que aborda o início difícil da vida adulta. Já em Lady Bird temos Christine “Lady Bird” McPherson (Saoirse Ronan) na transição entre a adolescência para fase jovem adulta. O que me conquista nos filmes da Greta é justamente o enfoque dado aos momentos de transição, que são quase sempre comédias dramáticas também na vida real.
Christine não gosta do seu nome, vive em Sacramento (também não gosta de Sacramento), estuda em um colégio católico, tem um relacionamento difícil com a mãe (ambas têm um gênio forte) e deseja sair voando para longe disso tudo, de preferência para uma faculdade em Nova York.
É interessante ver como ela nega tudo o que tem. Às vezes não fazemos isso? Acreditamos que o melhor não é o aqui e o agora? É algo ainda a ser conquistado e que não está próximo de onde estamos e nem no meio em que já vivemos. Lady Bird faz exatamente isso: nega tudo. Talvez por desejo de querer sempre mais (não há problema nisso se for em boa dosagem) e também por imaturidade.
O relacionamento com a mãe é outro ponto importante na dramédia. São parecidas, possuem gênios fortes, se amam, mas uma é o desafio da outra. A mãe Marion (Laurie Metcalf) tem uma postura que é definida e defendida, até pela própria Lady Bird, como um amor severo. O zelo excessivo, a crítica, a proteção são todos sinônimos de amor. Essa relação entre mãe e filha é parte importante na história e no amadurecimento de Lady Bird.
– Por que você não pode dizer que eu estou bonita?
– Pensei que você nem ligava pro que eu acho.
– Eu ainda quero que você ache que eu estou bonita.
– Desculpe, eu estava falando a verdade. Quer que eu minta?
– Não, eu só queria… Eu queria que você gostasse de mim.
– Claro que eu te amo.
– Mas você gosta de mim?
– Eu quero que você seja… a melhor versão de você que conseguir ser.
– E se essa já for a melhor versão?
Foi divertido e emocionante acompanhar a trajetória de Lady Bird. E o mais bonito é que na hora de voar, na hora que ela consegue ser quem queria ser, ela se reconhece como Christine, a menina católica de Sacramento, o que é uma parte do que ela é.
No final fica uma mensagem que toca bastante a menina que saiu da sua cidade natal aos 17 anos (eu): Voe por aí, mas não esqueça de onde você deu o primeiro impulso para voar. É sua história, sua vida, parte do que você é e sempre será, não adianta negar.
– Eu li seu ensaio da faculdade, você claramente ama Sacramento.
-Eu amo?
-Bem, você escreve sobre a cidade com tanto carinho e cuidado…
-Eu estava apenas descrevendo.
-Bom, pareceu amor.
-Claro, acho que presto atenção.
-Não acha que talvez sejam a mesma coisa? Amor e atenção?
Timothée Chalamet (Me chame pelo seu nome), Saorise Ronan e a diretora Greta Gerwig durante as gravações.
A Universal Pictures iniciou em 8 de fevereiro uma série de pré-estreias pagas de “Lady Bird – A Hora de Voar” pelo Brasil. E a estreia está marcada para o dia 15 de fevereiro.
Olá, sou Jeniffer Geraldine. Sou jornalista e moro na Bahia. Me considero uma pessoa em constante transformação e tenho como lema a frase "transver a vida". Acredito no poder da educação, na leitura e na arte.