Ficção com dramas familiares sempre me chamam atenção. A família é uma instituição poderosa e atua com vigor na vida de qualquer indivíduo. No imaginário cultural sempre existiu a família perfeita com o pai sendo o provedor, a mãe dona de casa, seguindo um roteiro perfeito dos famosos comerciais de margarinas. Mas já faz algum tempo que dramas com famílias chamadas disfuncionais ganham espaço nas telas e na literatura.
Era uma vez um sonho é um filme adaptado do livro Era uma vez um sonho: A história de uma família da classe operária e da crise da sociedade americana, de J.D. Vance. A partir da autobiografia de Vance, a produção, dirigida por Ron Howard e roteirizada por Vanessa Taylor, retrata a vida de uma família branca de classe média dos EUA, que migrou do interior para uma região do país conhecida como Cinturão de Ferro.
O filme é narrado pela perspectiva de Vance (Gabriel Basso) e traz cenas da infância e adolescência misturadas às cenas do presente para nos apresentar os dilemas vividos pela família Vance – pobreza, violência doméstica e dependência química.
Há além de Vance, duas personagens que ganham destaque, a mãe Beverly (Amy Adams) e a avó Bonnie “Mamaw” Vance (Glenn Close). A relação entre Vance e a mãe era bastante instável, isso devido a oscilação de humor e constantes crises de Beverly relacionadas ao abuso de drogas.
É com a Avó que o garoto consegue manter um certo equilíbrio na adolescência e passa a trabalhar e focar nos estudos. Com essa ajuda e direcionamento ele chega a prestigiada Universidade de Yale. Vivendo um sonho, mesmo que com tanto sacrifício para mantê-lo, Vance recebe a notícia de que a mãe teve uma overdose e precisa voltar para ajudar a irmã Lindsay (Haley Bennett). É neste momento que o rapaz se depara com um confronto: família contra seus próprios sonhos e necessidades. Voltar para a família significava perder oportunidades de entrevistas para estágios de verão, o que traria excelentes contatos profissionais e o dinheiro para garantir os próximos semestres em Yale.
O filme tem uma mensagem interessante, mas não foi muito bem desenvolvido. A personagem de Amy Adams é mais vista como uma desequilibrada sem motivos do que alguém que carrega traumas emocionais. Até o próprio Vance pode ser interpretado como um egoísta que fugiu da realidade e deixou tudo na conta da irmã.
No final, Vance coloca em prática os ensinamentos da Avó para seguir em frente e fazer diferente: “Nós somos do lugar de onde viemos mas todos os dias escolhemos quem nos tornamos. A minha família não é perfeita mas eles me fizeram ser quem eu sou e me deram oportunidades que nunca tiveram. Meu futuro, seja lá qual for, é o nosso legado compartilhado.”
- Confira o livro – Era uma vez um sonho: A história de uma família da classe operária e da crise da sociedade americana
- Achei o fato engraçado – Glenn Close é indicada a “pior” e “melhor” atriz pelo mesmo papel
Era uma vez um sonho
Classificação JG: 2,8⭐️
Título original: Hillbilly Elegy
País: EUA
Gênero: Drama
Classificação: 16 anos
Duração: 116 minutos
Onde assistir: Netflix
Direção: Ron Howard