Entrevista com Chris Lauxx

Plataformas eletrônicas nos permitem chegar a mais lugares, a mais pessoas e a mais leitores com rapidez. Queríamos também experimentar esse mercado, a distribuição, o consumo e o contato com os leitores por esses novos canais.

Chris Lauxx

Os jornalistas Ana Paula Laux e Rogério Christofoletti publicaram o e-book Os Maiores Detetives do Mundo utilizando o pseudônimo Chris Laux. Na entrevista a seguir, eles comentam sobre a produção da enciclopédia de detetives e ficção policial.

>>  O trabalho de conclusão de curso da Ana Paula, Almanaque dos Grandes Detetives, foi o ponto de partida para Os maiores Detetives do Mundo. Ana, quando você percebeu que existia a possibilidade do projeto virar algo maior e como surgiu a parceria com o Rogério?

🙂 Percebi assim que terminei o trabalho e o defendi publicamente. À época, eu havia produzido um almanaque com textos e ilustrações referentes a dez personagens. Muitos haviam ficado de fora e essa angústia foi aumentando à medida que fui recolhendo mais materiais. Percebi que poderíamos ir além e aí, convidei o Rogério para o projeto. Fizemos uma lista inicial e chegamos a dezenas de personagens. Depois, fomos reagrupando os detetives em categorias e priorizando os mais importantes para o gênero, os mais populares, os tradicionais e os atuais, enfim… fechamos em 60. Ao final do trabalho, percebemos que muitos ainda poderiam entrar e aí adicionamos uma linha do tempo nas últimas páginas do livro, onde o leitor encontrará 150 detetives!

 

>>  Quando vi Chris Lauxx como autor, não imaginei que fosse um pseudônimo. Após ler algumas matérias sobre o e-book, descobri que era um casal por trás do nome. Vocês sempre tiveram em mente a ideia de utilizar um pseudônimo para assinar o projeto?

🙂 Não. Mas sabíamos que o recurso do pseudônimo era comum na literatura policial, e que havia casos famosos de autoria dupla, como Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy-Casares, o casal sueco Andohril – que assina como Lars Kepler – e até mesmo os primos que originaram o famoso Ellery Queen. Civilmente, somos Ana Paula Laux e Rogério Christofoletti. Literariamente, somos Chris Lauxx.

 

>>  Por que optaram pelo e-book ao invés do livro físico?

🙂 Plataformas eletrônicas nos permitem chegar a mais lugares, a mais pessoas e a mais leitores com rapidez. Queríamos também experimentar esse mercado, a distribuição, o consumo e o contato com os leitores por esses novos canais. Em nosso site, disponibilizamos uma amostra grátis do livro e um quiz onde os leitores podem testar seus conhecimentos. Fizemos promoções e divulgação pautados em mercados editoriais de e-books e isso tem nos entusiasmado.Mas, claro, se alguma editora tiver interesse em editar Os Maiores Detetives do Mundo em formato físico, estamos dispostos a trabalhar nisso.

 

>>  Os Maiores Detetives do Mundo traz informações sobre 60 detetives da ficção. Teve algum que foi difícil encontrar os dados para traçar o perfil?

🙂 Nenhum deles foi fácil. Mesmo os mais célebres como Sherlock Holmes e Poirot, de quem há muita informação em livros, revistas, sites, filmes e outros canais. Com todos os personagens, não apenas recolhemos as informações. Checamos tudo diversas vezes, reescrevemos os textos, buscamos uma linguagem agradável e leve, enfim, todos deram trabalho. Mas foi um trabalho muito, mas muito gostoso de fazer…

 

>>  No e-book vocês comentam que “o gatilho da narrativa é o crime, mas o que a mantém viva é o enigma”. O enigma é o que move os apaixonados pela literatura policial. Qual foi o primeiro enigma que chamou atenção de vocês para o gênero policial?

🙂 Bem, não temos os mesmos gostos. Ana é mais ligada nos autores clássicos, nas narrativas mais tradicionais e de base. Rogério tem especial interesse nos autores contemporâneos. Apesar desses preferências, cada um de nós lê tanto os mais antigos como os mais novos, de uma forma que possamos acompanhar os movimentos da literatura e da criação no gênero, e que possamos ter bases sólidas de conhecimento. Mas uma narrativa em particular nos deixa até hoje paralisados: O assassinato de Roger Ackroyd, de Agatha Christie.

 

>>  Às vezes acho que a literatura policial brasileira passa um pouco despercebida. Vejo muita gente lendo Agatha Christie e Sherlock Holmes, mas muitos poucos lendo livros policiais de escritores brasileiros. Vocês também têm essa impressão? Como vocês enxergam o cenário atual da literatura policial no Brasil?  

🙂 Em qualquer gênero, é assim. Se formos pensar em terror. Quem as pessoas mais leem: Stephen King ou André Vianco? Se formos pensar em ficção científica e fantasia, Ray Bradbury e Azimov sempre estarão entre os mais lidos. Claro que existe o fator qualidade e todos os citados são mestres dos seus gêneros. Os leitores buscam novidades, mas ninguém que gosta mesmo de um gênero deixa de revisitar os clássicos, os fundadores, os autores seminais. O mesmo acontece com a literatura policial, e nós torcemos para que os autores nacionais e as editoras que se dedicam a esse segmento evoluam cada vez mais em qualidade e em vendas. Eles podem crescer muito mais. Aliás, o gênero vem deixando de ser marginal já há pelo menos 20 ou 30 anos…

 

>>  Indicam algum livro ou autor brasileiro do gênero?

🙂 Sim, há vários nomes nacionais. Em Os Maiores Detetives do Mundo, dedicamos um capítulo inteiro para os brasileiros. Tem muita gente boa na área: Rubem Fonseca, Patricia Melo, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Tony Bellotto, Joaquim Nogueira, Mario Prata, Jô Soares, Raphael Montes, Roger Franchini, Luis Dill, entre tantos…

 

>>  O casal tem dois gatos, Sherlock e Agatha, seria uma homenagem ao detetive favorito e a autora preferida do casal?

🙂 Sim, são claras homenagens.

 

>>  No final do e-book vocês contam que estão escrevendo um livro policial juntos. Essa ideia de escrever um romance do gênero sempre existiu na vida de cada um de vocês?

🙂 O romance nos parece um resultado natural de nossos estudos e trabalhos. É difícil dizer se “sempre existiu” o desejo de fazê-lo. Mas cada um de nós sempre quis investir em literatura e é o que estamos fazendo com muito afinco nos últimos anos.

 

>>  Para finalizar, qual livro, série ou filme um verdadeiro fã do gênero policial não pode deixar de conhecer?

🙂 Nossa! Há tanta coisa indispensável… Sherlock, a obra da Agatha Christie, os clássicos noir, os nórdicos… Filmes como O Falcão Maltês e a série de Sherlock com Basil Rathbone/Nigel Bruce são marcantes. Quanto às séries de TV, tem Wallander BBC (sobre o detetive sueco de Henning Mankell), House, Sherlock BBC, Mandrake… Olha só: convidamos o leitor a navegar por Os Maiores Detetives do Mundo. Lá, existem milhares – mesmo! – de opções, e o leitor poderá escolher…

– Visite o site Chris Lauxx

– Confira o site Literatura Policial, outro projeto bacana de Ana Paula e Rogério

– Leia sobre Os Maiores Detetives do Mundo

Foto: Paulo Henrique Wolf

 

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