Daisy Jones & The Six (Taylor Jenkins Reid)

Daisy Jones and The Six, da autora norte-americana Taylor Jenkins Reid, foi publicado em 2019. A obra chegou ao Brasil com tradução de Alexandre Boide através da Editora Paralela (Grupo Companhia das Letras).

O livro ganhou minha atenção logo nas primeiras páginas com uma nota da autora informando que se tratava de uma narrativa oral. E, bem, eu sou muito fã de histórias de vida, entrevistas narrativas, biografias e documentários. A surpresa foi boa em perceber que o formato do livro lembra bastante a linguagem de documentário. São relatos de Daisy, dos integrantes da banda The Six e de pessoas próximas a eles sobre a trajetória profissional e os conflitos pessoais, os encontros e desencontros criativos, e as artimanhas da indústria cultural e das mídias especializadas. 

Assim como em um documentário, a cada virada de página, o foco da narrativa muda, trazendo a perspectiva de algum personagem sobre determinado fato. E dessa maneira eu fiquei imaginando a história de Daisy e The Six nas telas, o que já aconteceu e tem estreia marcada para 03 de março/2023, na Amazon Prime Video, em formato de série.

Taylor tem a habilidade de criar personagens e histórias que parecem reais. Nós ficamos com vontade de pesquisar na internet o ensaio que a banda fez para a revista e que gerou muito burburinho. Eu me lembrei bastante de quando li Evelyn Hugo e queria pesquisar mais sobre a vida da Evelyn porque ela parecia uma personalidade real e não uma personagem de ficção. Também me lembrei de quando li Só Garotos, da Patti Smith. Robert e Patti são pessoas reais. Então foi muito bom ler sobre eles no livro Só Garotos e depois seguir com a minha obsessão checando diversas matérias e fotos na internet. Demorei para sair do mundinho Só garotos. Com Daisy and The Six só foi um pouco diferente porque não tive como seguir a obsessão após a leitura. 

Daisy Jones and The Six (Fonte: Amazon Prime Video)

Eu passei aproximadamente oito dias na companhia do livro. Sempre lia após o almoço. E quando finalizei a leitura, simplesmente me vi pegando o Kindle para continuar. “Mas como assim se eu já havia finalizado?” Ficou um vazio e eu queria mais! Como já escrevi em outros momentos, para mim isso é a definição de uma boa leitura – quando a gente vive nossa vida mas a história fica de plano de fundo, quando a gente finaliza um livro e sentimos falta das personagens. 

Se formos olhar apenas para o palco de Daisy Jones and The Six, vamos encontrar o clichê midiático das bandas de rock: sexo, drogas e rock and roll. Mas a proposta do livro, ainda mais com o formato de narrativa oral, é apresentar os bastidores. Dessa maneira, nós encontramos as narrativas diversas que ajudaram a formar o sucesso Daisy Jones e The Six.

E aqui eu poderia comentar sobre Billy, o grande astro da The Six, o artista muito bom no que faz, porém egocêntrico e controlador. Ou da própria Daisy, a artista brilhante que todo mundo queria ser ou queria conviver. Mas quero comentar um pouco sobre duas personagens que eu fiquei torcendo para que ganhassem mais espaço na narrativa: Camila, a esposa de Billy, e Karen, a tecladista da banda The Six.

A atriz Camila Morrone será Camila na série Daisy Jones and The Six (Fonte: Amazon Prime Video)
A atriz Suki Waterhouse será Karen na série Daisy Jones and The Six (Fonte: Amazon Prime Video)

Os dramas dessas personagens trazem discussões interessantes para o livro que vão além do mundo da música. Camila é a clássica mulher guerreira, mãe, e que vai tolerar muitas atitudes e deslizes do Billy em nome da família. Já Karen é uma mulher que quer ser respeitada pelo que faz dentro da indústria musical. Ela sabe que chegar onde chegou, ser integrante de uma banda de sucesso, era algo impossível para muitas mulheres, nos anos 70, por conta da cultura patriarcal. Assim como Camila, Karen também precisou fazer escolhas difíceis. As duas são um contraponto interessante de acompanhar, ainda mais que são amigas, porque mostram a possibilidade diversa e complexa de ser mulher na sociedade. 

Um ponto alto da narrativa é quando Karen reflete sobre carreira e maternidade. A personagem aborda as renúncias que uma mulher precisa fazer para seguir com a escolha de ser mãe em um mundo em que não há rede de apoio e que o homem é sempre dispensado das obrigações como pai. A história de Karen fica ainda mais intrigante porque ela não se livra facilmente da dúvida sobre ser mãe. Algumas mulheres são convictas da decisão sobre não maternar mas outras não, afinal a cultura patriarcal não as deixam esquecer, o que ajuda a alimentar um sentimento de culpa.

O livro Daisy Jones and The Six também me ganhou pela escolha de trazer os relatos quando os personagens são mais velhos pois a narrativa apresenta reflexões e aprendizados sobre os fatos ou as versões dos fatos. E isso evidencia um dos papéis da memória. Nó cultivamos a memória não apenas para lembrar sobre o que aconteceu, mas também para fazer uma revisão crítica da própria vida em busca de nos tornarmos pessoas melhores.  

A história de astros da música contada por Taylor tem toda a magia que o mundo da arte possui. É interessante também acompanhar os processos de composição das músicas, dos álbuns, das turnês. E o livro transmite uma mensagem sobre laços verdadeiros, aqueles que mantemos para assegurar a “ordem no caos”. 


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3 comentários em “Daisy Jones & The Six (Taylor Jenkins Reid)

  1. Oi Jeniffer, também gostei muito dos conflitos da Karen. Sempre gosto quando a maternidade é trazida dessa maneira real nas histórias. Eu amei acompanhar a trajetória da Daysi, mesmo quando queria chacoalhar ela, não conseguia não gostar dela. O sofrimento que ela transmite é tão palpável que sentia junto. Estou empolgada, porque agora vamos ter as músicas para ouvir. Bejio

    • Oie, Fran! Estou bem curiosa para a série! E empolgada com essa possibilidade de continuar minha “obsessão”. =D
      Bjos

  2. Pingback: Melhores leituras 2023.1 - Jeniffer Geraldine - Vida e Cultura