Nas últimas semanas, voltei a ler toda manhã. Eu estava sem ler desde meados de maio. Depois que retomei as rédeas da minha rotina e do meu sono, voltei a ter uma rotina matinal do jeitinho que eu gosto. E uma das atividades dessa rotina é ler durante 15/30 min. Como estava voltando a ler e ainda mais durante a manhã, escolhi um livro total no clima, O Milagre da Manhã, de Hal Elrod.
Último dia do mês. Junho foi longo e eu não sei direito o que aconteceu. Sério. Mesmo com anotações, agenda, ferramenta de lista de tarefa. Sei que fiz coisas. Mas talvez não tenha feito o que realmente deveria fazer e por isso essa sensação de não sei direito o que aconteceu. Ou é só efeito da pandemia. Continuo me perguntando todos os dias, ao longo do dia, que dia é hoje. Que dia é hoje? Ah, último dia do mês de São João. Comemorado umas três vezes no mês. Para julho eu vou querer só que eu saiba que dia é hoje sem me perguntar tanto. E que eu saiba direito o que aconteceu quando acontecer.
Fui na terapia ontem. Talvez por isso esteja escrevendo às 13h37. E não assim que acordei. Ou antes de começar qualquer coisa. Enfim, sem rituais. Ritual é diferente de processo. Eu acho ritual uma palavra bonita. Parece algo mais espiritual, conectado, orgânico, intuitivo. Processo é mecânico, frio, coisa de máquina. Faz tempo que desapeguei de acordar cedo. Tá, não faz tanto tempo assim. Uns dias, talvez. Mas eu sempre esqueço que dia é hoje. Então eu fico com essa sensação de muito tempo mesmo. Quantos anos você já viveu ou reviveu durante o isolamento social? Eu já fui até a minha infância e voltei. Mas eu estava falando de ritual, rotina, processo. Acho que vou ficar com ritual. Vou ficar parecendo excêntrica. A excêntrica cheia de ritual para escrever. Rotina é algo mais pé no chão. É o dia a dia mesmo. Parece que é sempre igual. Mas não é. A gente acorda diferente todo dia. Só não percebemos. Processo. Agora me remeteu a processo jurídico. Tô dizendo, algo frio. Desculpa pessoal do direito. Mas é sempre tensão. Né não? Acho que vou ficar com os três. Tirar o peso das palavras. Só escrever.
Quando o mês de abril chegou, eu já tinha aproximadamente 15 dias cumprindo o distanciamento social. Naquele tempo, que parece tão longe, mas foi praticamente ontem, eu nem chamava esse estado de distanciamento social, mas sim de quarentena. E, na verdade, ainda chamo de quarentena, como bem uso no título da crônica.
Abril foi o mês que completei 30 dias de isolamento social – mais especificamente no dia 18 de abril de 2020. Confesso que tive um leve surto no dia que descobri esse marco. Bateu angústia, tristeza, enxaqueca, medo, uma confusão geral. Em parte, sei que foi devido a TPM, mas também sei que a TPM foi maximizada por causa do estado de isolamento. Mas também foi o mês que consegui voltar a dormir cedo e acordar cedo, ou seja a rotina aqui deu uma boa ajustada. Graças a Deus e o processo de reorganização que fiz quando senti que tudo estava bagunçado demais. Quero hoje destacar alguns pontos interessantes do meu mês com o notas de abril.
O que é o tempo? Tempo é silêncio ou tempo é barulho? É parte silêncio, parte barulho? É memória ou presente? Bons tempos ou tempos bons – qual o indicativo de tempo? Em tempos de isolamento social, como ocupar o tempo? Quanto tempo o tempo tem?
Em 2019 escolhi um lema para o ano. Nunca havia definido um lema ao invés de criar uma lista infinita de metas. A ideia surgiu depois de um programa de autoconhecimento que fiz e após ver a dica da Thaís Godinho, especialista em organização e produtividade.
O meu desafio pessoal desde quando comecei o mestrado é tentar encaixar na semana um momento para ler ou ver algo que não esteja na lista de tarefas obrigatórias. Pensando nisso, em novembro, assumi um compromisso comigo mesma: ler todo dia no café da manhã. Comecei por Má Feminista – ensaios provocativos de uma ativista desastrosa, da escritora Roxane Gay.
Olá, sou Jeniffer Geraldine. Sou jornalista e moro na Bahia. Me considero uma pessoa em constante transformação e tenho como lema a frase "transver a vida". Acredito no poder da educação, na leitura e na arte.