Como foi o estágio docente do mestrado | Saga de uma mestranda #7

https://youtu.be/pxf4uDcrOCE

Hoje tem episódio especial da Saga da Mestranda. Por aqui, já compartilhei: o início de tudo – como me interessei pela vida acadêmica; a minha experiência como aluna especial; o processo de seleção para aluno regular; o início das aulas e a greve; e como foi o primeiro semestre de aulas. Hoje vou compartilhar a minha experiência com o estágio docente.


Obs: o texto abaixo é o roteiro do vídeo/podcast

Uma das etapas obrigatórias no mestrado é a realização do estágio docente, também conhecido como tirocínio docente. É uma etapa super importante no processo e costuma ser a primeira experiência em sala de aula para muita gente, como foi o meu caso.

Quando comecei o estágio docente, em outubro de 2019, eu já tinha experiência em ministrar palestras e oficinas, mas nunca tinha sido responsável por uma turma durante um longo período de tempo. Então o estágio docente me proporcionou a experiência de estar em sala de aula, numa universidade pública, no período de um semestre. E eu tive a liberdade de pensar o semestre levando em consideração minha pesquisa, o que para uma professora em formação é um desafio empolgante.

A disciplina que ministrei foi Estudo da ficção brasileira contemporânea, com carga horária de 60h, no 5º semestre, do curso de Letras – Língua Portuguesa e literaturas. A turma tinha aproximadamente 15 alunos regulares e eu tive a sorte de encontrar pessoas abertas a discussão de gênero e decolonialidade, que são temas importantes na minha pesquisa do mestrado.

A discussão sobre gênero é bastante atual e política. É um debate construído na sociedade, para a sociedade e com a sociedade. Enquanto estive em sala de aula busquei estimular os alunos a pensarem não só a teoria, mas também a prática – o que aquela teoria os levava a observar e refletir sobre os seus dias, seus pares, seus processos de construção como sujeitos e futuros educadores. E eu também fiz esse exercício com eles.

Tentei levar não apenas discussões teóricas, mas também leituras ficcionais e conteúdo multimídia. Muito do que eu consumia, eu levava para sala de aula e tive um retorno excelente dos estudantes.

Um dos ganhos para mim ao fazer o tirocínio docente foi ter percebido a importância da minha temática – leitura de obras de autoria feminina – também para o mundo acadêmico. A grade curricular ainda é muito masculina, branca, europeia e heterossexual.

Acredito que o que posso dizer para você que vai fazer tirocínio é: controle as expectativas. E isso na verdade é um conselho para a vida como um todo. Mas o que quero dizer, pensando no contexto do estágio docente, é que prepare sua aula, com o maior amor do mundo, mas vá sabendo que talvez você encontre uma turma bastante dispersa ou talvez os alunos não apareçam. Outra dica, com base na minha experiência, busque conteúdo formativo sobre metodologia de ensino, tente levar diversos formatos de conteúdo para sala de aula e, na medida do possível a depender da sua área, leve a discussão para os dias atuais dos alunos. É uma tentativa de fazer com que eles interajam mais em sala de aula e vejam naquela discussão uma oportunidade de discutir não apenas a teoria, mas de repensar suas próprias vidas.

Acho que nem preciso dizer que tudo deve estar alinhado com a professora regente. E fiquem atentos ao regimento do tirocínio, o que vocês podem e devem fazer, quais são também as responsabilidades do professor regente. Não caiam em ciladas (se é que vocês me entendem)!

No mais, eu sempre tinha em mente que aquela etapa era indispensável para meu processo de mestrado, que eu precisava passar por ela para fazer minha qualificação e seguir para a parte final da pesquisa. E, claro, tentei lembrar sempre que a época do professor detentor de saber, o ser superior da sala de aula, já passou. A sala de aula é um espaço de troca. Temos que deixar os alunos falarem. Temos que escutar o que eles têm a dizer. Somos mediadores e não detentores do conhecimento. Agora que eu já passei por essa etapa, eu a considero como um segundo momento de campo de pesquisa. O tirocínio docente pode ajudar a dar um novo olhar para pesquisa. E foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Para finalizar, gostaria de deixar um grande abraço para toda turma do 5º semestre de Letras. Muitos deles acompanham meu trabalho na internet. Obrigada pela receptividade e trocas. Vocês fazem parte da minha saga da mestranda. Sucesso para todos!

O próximo episódio da Saga da Mestranda seria sobre a qualificação. Mas estamos em um momento tão atípico que eu gostaria de compartilhar com vocês a experiência de fazer pesquisa durante uma pandemia. Então, se inscreva, assine as notificações, para não perder o próximo episódio e acompanhar os demais conteúdos que também envolvem vida acadêmica.

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