As doces amargas memórias de Pedro e Alice

Escolhi o livro As doces amargas memórias de Pedro e Alice para iniciar o projeto Letras da Bahia. Recebi a obra através de uma amiga, o próprio escritor, o ilheense Pawlo Cidade, me enviou. Pawlo também é educador, dramaturgo e gestor cultural.

O livro é sobre o relacionamento de um professor de química de 33 anos, Pedro, e sua aluna de 17 anos, Alice. Tudo começou com um embate em sala de aula. Alice é uma menina muito atrevida e inteligente e queria saber no que a química ia ajudá-la a ser uma administradora de empresas.
As doces amargas memórias de Pedro e Alice é escrito sobre duas perspectivas, a de Alice e a de Pedro. Só que às vezes no meio da perspectiva de Alice, aparece a de Pedro. O que deixa a utilização do método confusa. A escrita do Pawlo é boa, mas faltou uma revisão de texto mais atenta. O autor incluiu uma trilha sonora, ao indicar músicas no início de algumas passagens e em alguns momentos da narrativa, o que é um recurso interessante no livro.

Alice e Pedro se apaixonam à primeira vista. E começam a tentar uma aproximação sempre regada a piadas e confrontos meio bobos. Eu li o livro todo mas confesso que não gostei muito porque apesar de tentar passar uma mensagem de como o ciúme pode destruir uma relação, em alguns momentos o ciúme aparece romantizado.

A imagem de Alice é sempre de uma menina boba, explosiva, louca, ciumenta e até despirocada, adjetivo utilizado para descrever a personalidade da garota em conversa de Pedro com um amigo poeta. Mas acontece que estamos falando de uma adolescente que está iniciando a fase dos relacionamentos amorosos com um homem de 33 anos. Ela entrou nessa porque quis, isso é claro no livro. Só que pra ele faltou uma atitude sensata. Se estava em um relacionamento nada saudável com uma aluna, seria melhor para ambos seguir com suas vidas.

E eu senti um ar de um relacionamento que nunca ia dar certo porque não existia confiança e nem diálogo muito sincero. Quando algo de ruim acontecia, eles se encontravam, ela ouvia duas palavras melosas e pronto, voltava aos amores com o Pedro. Então pra mim ficou muito essa ideia de ciúme romantizado e de duas pessoas que estavam presas a um relacionamento nada saudável e sem diálogo. Acredito que tanto Alice quanto Pedro precisavam de ajuda e um pouco mais de autoestima na vida.
Se você percebe que entrou em um relacionamento cheio de desconfiança e ciúme, por que não conversar abertamente sobre isso? Não é só dizer que a pessoa é assim e pronto, é coisa de idade, é louca etc… É ter uma atitude mais de: vem cá, vamos conversar. Isso não faz bem pra mim e pra você. E vamos melhorar juntos, se ainda queremos essa relação.
Eu sou uma pessoa que acredita na intensidade. Vamos fazer acontecer, vamos aproveitar cada minuto, vamos viver o momento ao máximo, mas vamos fazer tudo sem machucar emocionalmente e nem fisicamente a si mesmo e a pessoa que esteja do seu lado. Foi isso que me frustrou na história. O ciúme é a terceira pessoa no relacionamento e nada é feito pelos personagens para que ele saia de cena logo.
Espalhe por aí:

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3 comentários em “As doces amargas memórias de Pedro e Alice

  1. Oi, Jeniffer, como vai?
    Gostei da sua análise. Escrevi este livro em uma semana. De fato não me aprofundei na questão do ciúme. Romantizo muito a questão. Isso foi proposital. Acredito no diálogo. Ele é extremamente importante. O livro carece mesmo de uma revisão. Briguei muito com a editora sobre isso. Obrigado!

    • Oie, Pawlo! Obrigada pelo envio do livro. Tudo bem por aqui e aí?
      Desejo sucesso!
      bjão