A Contadora de Filmes, do escritor chileno Hernán Rivera Letelier, chegou ao Brasil através da Editora Cosac Naify. O livro recebeu uma edição caprichada com tradução de Eric Nepomuceno e texto de orelha de Walter Salles, cineasta que tinha a pretensão de levar a história para as telas do cinema – desde 2012 que há notícias sobre a adaptação mas não foram divulgadas novas informações sobre o filme (leia aqui!).
No livro, cuja história se passa nos final dos anos 1950, conhecemos Maria Margarita, sua família de mineiros, e a paixão que todos nutrem pelo cinema. Em tempos de fartura ir ao cinema era a diversão garantida do domingo, principalmente porque era o único entretenimento que existia no povoado.
Até que o pai de Maria Margarita sofre um acidente de trabalho e eles passam a viver com uma pensão que dá apenas para o básico dos dias. Mas a paixão por cinema era tanta que o pai resolve fazer um concurso em casa com os cincos filhos para eleger um contador de filmes. A ideia era que uma das crianças fosse a responsável por ir ao cinema, sempre que tivesse um filme interessante seja pelo tema ou ator preferido, e na volta contasse tudo nos detalhes para os que ficaram em casa. A caçula Maria Margarita foi a escolhida.
A menina tinha talento e logo se tornou A contadora de filmes do povoado. Conquistou a família, os vizinhos e até as pessoas mais ricas que a chamavam para contar os filmes em casa. Acabou criando um pequeno negócio que ajudou a família a ganhar alguns trocados. Maria era boa na narração, interpretação, dança, canto e ainda tinha uma imaginação fértil.
Acho que no fundo eu tinha alma de fuxiqueira, pois além de tudo me bastava bater os olhos nas duas ou três fotos pregadas no cartaz – pelo olhar lascivo do padre, o sorrisinho inocente da menina ou o gesto cúmplice da beata – para poder inventar uma trama, imaginar uma história inteira e passar o meu próprio filme. – pag 38
A Contadora de Filmes é um livro curto, mas bastante intenso. Através da história bonita de Maria Margarita, Letelier vai tratar da perda da infância e amadurecimento precoce, e falar sobre resistência através da arte e do lúdico. O cinema para aquela família era um meio de resistir a probreza, as diferenças sociais e, principalmente, a passagem cruel do tempo.
Naquele tempo descobri que todo mundo gosta que alguém conte histórias. Todos querem sair da realidade um momento e viver esses mundos de ficção dos filmes, das radionovelas, dos romances. Gostam até que alguém lhes conte mentiras, se essas mentiras forem bem contadas. Essa é a razão do êxito dos embusteiros de fala hábil. – pag 75
Contar um filme é como contar um sonho. Contar a vida é como contar um sonho ou como contar um filme.
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Nossa que história! Bem legal contar história em momento difícil para alegrar as pessoas e é claro ganhar uns trocados. Essa história me lembrar de um filme, Um Sinal de Esperança com Robin Williams.
É um livro maravilhoso mas triste.
Vou procurar esse filme.
bjos!
Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas já estou genuinamente encantada por ele. Parece ser aquele tipo de estória que mesmo sendo super lúdica, nos faz refletir muito sobre a sociedade e diversos valores.
Com certeza é o tipo de livro que eu leria se tivesse a oportunidade. ♥
Leia mesmo! É triste mas muito bonita.
Bjão
Ah bonita… tava me segurando aqui pra não gastar nada esse mês. Mas não consegui, depois da resenha rsrs Amei Jen! Já comprei rsrs
E eu tenho certeza de que você vai amar essa leitura <3