No dia 23 de abril comemora-se o dia mundial do livro e pensando nessa data especial para quem é leitor, eu resolvi compartilhar um pouco da minha autobiografia de leitora.
É impossível falar de mim sem falar dos livros que eu li ao longo da minha vida, os livros que me marcaram de alguma maneira, porque ser leitora é uma parte importante da minha personalidade, faz parte de quem eu sou.
Todos os livros que eu li de alguma maneira me marcaram. E eu acho que todo leitor ou a leitora se identifica com isso. E muitas vezes um livro não me marca por conta da história, da narrativa, mas por conta do momento que eu estava passando, me marca pela situação, o contexto em que li aquele livro. E foi também pensando nisso que eu fiz essa seleção de 7 livros que marcaram a minha vida. É uma seleção bem curta. Eu não sei dizer exatamente quantos livros eu já li na vida mas, sem dúvida, tem alguns que me marcam e que me vem à memória de tempos em tempos. E que são livros que eu sempre indico para outras pessoas.
Sempre quando me perguntam sobre o livro que marcou a minha infância ou quando eu preciso escrever sobre as minhas memórias de infância, lembro das revistas em quadrinhos, principalmente das histórias da Turma da Mônica. As histórias em quadrinhos escritas pelo Maurício de Souza marcaram uma época e marcou a minha geração.
Os quadrinhos me marcam porque foi ali que eu lembro de que eu gostava de ler, que era apaixonada por narrativas e me marca também porque me vem muito na memória uma espécie de clube de livro. Naquela época a gente não tinha muita grana. Minha mãe sempre pegava emprestado de amigas professoras. Geralmente eu também emprestava as minhas revistinhas para amigas e amigos de infância. Eram, de certa maneira, revistinhas coletivas, praticamente rodavam a comunidade que eu morava, o meu grupo de infância. Acho que por isso que marca. Não era uma coisa só que eu gostava, era algo que compartilhava com as minhas amigas e amigos.
Ainda falando sobre infância, teve também a coleção Os Karas, do Pedro Bandeira. Algo que também marcou uma geração. Eu li Os Karas por conta da escola. E acredito que foi ali que eu me apaixonei por histórias de mistério, investigação, suspense, algo meio fora do normal.
Houve um tempo que eu não li bastante. Meu interesse mudou quando conheci os seriados de televisão e os programas de auditório. Na época da faculdade também me afastei bastante da leitura de ficção. Algo normal, já que precisamos ler os livros técnicos da área. Mas quando eu estava finalizando a faculdade de jornalismo, por volta de 2010, tive um reencontro bacana com a leitura. Eu li O Hobbit, em PDF, em um iPad da geração 2. Era um bichinho pesado e não tinha muita importância com o quanto o brilho da tela poderia agredir os olhos. Nada disso importou, eu devorei o livro porque a história era muito boa. E eu lembro bem da cena: eu, deitada no sofá, num antigo apartamento em Salvador, segurando o iPad pesado e devorando O Hobbit como se não houvesse amanhã.
Naquele tempo a leitura digital ainda não estava em alta. Por isso a leitura de O Hobbit não apenas realizou o reencontro com a leitura, após a faculdade, como também iniciou o meu interesse por leitura digital. Depois disso que me interessei em conhecer o Kindle e até hoje estou por aqui falando sobre as vantagens da leitura digital.
Outro livro marcante é Grande Magia – vida criativa sem medo, de Elizabeth Gilbert. Um livro que fala sobre criatividade, produzir sem medo de se mostrar, e eu estava começando a fase de produzir vídeo para internet. A leitura me deu vários insights legais e um incentivo a mais para continuar a produzir do meu jeito, da minha maneira. Até hoje eu sempre indico esse livro. Eu também já era fã de Elizabeth Gilbert por conta do livro Comer, rezar, amar. Foi muito bom conhecer um outro lado da autora
O livro Um teto todo seu também marca minha história de leitora. Eu o li por volta de 2015. Foi uma das primeiras leituras para o Leia Mulheres. Eu sempre comento que o Leia Mulheres me aproximou das pautas feministas. E eu aprendi bastante com o livro da Virginia Woolf. Gostei também da forma ensaística que a autora escolheu falar sobre o mulher e ficção.
Em 2016 eu li O canto da sereia, do Nelson Motta. Sempre que me perguntam o livro que gostaria de ter escrito, me vem O canto da sereia na cabeça. Literatura policial ambientada na Bahia. Imagina que a rainha do carnaval é assassinada em cima do trio durante o carnaval. Quem é fã de literatura policial, quem gosta da Bahia, quem gosta de carnaval, vai entender. Também foi uma leitura boa porque me trouxe uma proximidade por conta de viver na Bahia, ser baiana. Naquele tempo, tinha lido muito pouco livros ambientados na Bahia, livros com alguma temática que envolvesse a cultura baiana.
Em 2020, uma leitura marcou a minha vida foi Torto Arado, de Itamar Vieira. O livro me passa uma sensação de familiaridade. A história acontece na Chapada Diamantina, aborda questões de ancestralidade, e me lembra as histórias que ouvi da minha avó sobre nossa família. Só que Torto Arado me marca também porque foi um livro que li no início da pandemia. Estávamos naquele momento bem tenso, sem saber muito bem como lidar com tudo que estava acontecendo. E o livro prendeu minha atenção, me trouxe um certo alívio. Eu dormia e acordava pensando no livro. Cochilava lendo o livro porque ficava brigando com o sono para continuar a ler. E quando adormecia, sonhava com as personagens.
Links dos livros citados (adquirindo pelos links abaixo você colabora com o blog):
A Droga do Amor – Coleção Os Karas
O canto da Sereia: Um noir baiano