13 Reasons Why – um alerta sobre bullying e suicídio entre jovens

Depois do sucesso Stranger Things, em 2016, que abalou a internet, a Netflix surpreendeu a todos ao lançar, no final de março deste ano, a série 13 Reasons Why, criada por Brian Yorker e Diana Son, e produzida pela cantora e atriz Selena Gomez e Tom McCarthy (Spotlight).

Ao contrário de Stranger Things, 13 Reasons Why não fala sobre seres sobrenaturais e não nos deixa saudosos com os anos 80, mas nos leva, através do entretenimento, a refletir sobre temas atuais e urgentes da sociedade: bullying, preconceito, machismo, objetificação da mulher, abuso sexual e mídias sociais.

O seriado é inspirado no livro de mesmo nome escrito por Jay Asher, em 2007. E a obra está na lista de bestseller do New York Times por oitos anos. Os Treze Porquês conta a história de Hannah Baker (Katherine Langford), garota de 17 anos, que após cometer suicídio deixa 13 fitas cassete gravadas contando os motivos que a levaram a tirar sua própria vida.

As fitas são encontradas por Clay Jensen (Dylan Minnette), seu colega de classe, que inicia assim o processo de descoberta lento e doloroso sobre os reais motivos da morte de Hannah. Talvez você ache que é um drama teen, que a garota foi fraca e que deixar fitas gravadas para o seu colega é uma tortura inexplicável, mas Hannah precisava ser ouvida e sua história precisava ser contada para que outros adolescentes não tivessem como opção o suicídio.

E com isso a série sai do patamar de simples entretenimento para uma prestação de serviço. Hannah foi vítima de bullying, principalmente virtual, sofreu abusos físicos e psicológicos, estava com um quadro de depressão. Buscou ajuda na família, nos possíveis amigos e na escola. E todos pareciam sempre muito ocupados em manter empregos, o futuro brilhante e as aparências.

A série mostra sim uma garota intensa, querendo se encontrar, querendo fazer parte de uma turma no colégio, em busca de aceitação. Muitas vezes deixando de lado sua essência para se enquadrar em grupos. E quem nunca fez isso? Ser adolescente é super complicado. E quando se externa os problemas para pais e professores, por exemplo, muitos tratam logo de falar que “é uma fase e vai passar”. Os tais “drama teen” e “querer chamar atenção”, mas muitas vezes não é nada disso.

A produção mostra justamente o despreparo de alguns adultos, como os profissionais ligados ao âmbito escolar, para lidar com alguns assuntos atuais. No tempo em que eles eram jovens, a “brincadeira” era considerada apenas de mau gosto, mas hoje a “brincadeira” toma proporções muito maiores, que ficam registradas na internet, e são propagadas em todo canto. A imagem que o adolescente cria através dos seus perfis digitais acaba assim que uma foto começa a circular de celular para celular, só que o dano não é apenas virtual, mas também real.

Facebook, Twitter e Instagram nos transformaram em uma sociedade de stalkers.

E 13 Reasons Why também critica o uso das novas mídias. É por isso, por exemplo, que Hannah escolhe gravar fitas cassete ao invés de mp3, vídeo, ou deixar uma mensagem no seu mural do Facebook. Ela escolheu uma mídia em que para ser ouvida, o ouvinte não será atrapalhado por nenhuma distração virtual e, claro, não terá como compartilhar o áudio com apenas um clique.

Nos treze episódios vamos conhecer 13 adolescentes que fizeram parte do passado de Hannah e de algum modo contribuíram para seu fim. São jovens que possuem segredos e estão dispostos a mantê-los guardados para que suas imagens e futuros não sejam arruinados. Os personagens são complexos. Não há o bom e o mau. E isso deixou a série muito mais interessante. Porque a todo momento questionamos suas atitudes e tentamos ponderar.

Outro ponto positivo da série é retratar como as famílias de jovens que cometeram suicídio tentam suportar a perda e entender o ocorrido. As cenas dos pais de Hannah, Mr. Porter (Derek Luke) e Olivia Baker (Kate Walsh – Private Practive e Grey’s Anatomy), são angustiantes. Principalmente as que são focadas na Mãe. Kate Walsh soube transmitir o desespero, a dor e o vazio. Ela estava ali o tempo todo, mas não estava totalmente. O que eles haviam deixado passar?

13 reasons why não é leve. É crua e intensa. Tem uma grande carga dramática e psicológica. Vai te chocar mas para escancarar algumas verdades que deixamos passar por viver em uma sociedade machista e que preza acima de tudo as aparências.

(…) Tem que melhorar. O modo como tratamos uns aos outros e cuidamos uns dos outros, tem que melhorar de alguma forma!”

#NãoSejaUmPorquê

Tem uma frase que circula por aí que diz mais ou menos assim: Seja gentil. Você não sabe o que o outro está passando.

Não sabemos o que se passa na cabeça e no coração de ninguém e nem todo mundo tem a habilidade de se comunicar e colocar para fora suas angústias. E muitas vezes não há oportunidade, ou a pessoa não se sente segura para fazer isso com medo de julgamentos. Então o mínimo que podemos fazer é ser gentil. É não julgar sem conhecer. É não clicar em “curtir” e “compartilhar” em posts que expõem a vida de alguém. É tentar se manter presente para aqueles que fazem parte do nosso convívio. É não sair por aí se escondendo através de um perfil anônimo para criar notícias falsas.

Não seja a razão de tirar a paz de ninguém.

  • O mini-doc 13 Reasons Why: Beyond the Reasons, disponível também na Netflix, mostra todo mundo que esteve envolvido na produção da série e comenta a importância de se debater os temas abordados de forma tão crua e real.

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16 comentários em “13 Reasons Why – um alerta sobre bullying e suicídio entre jovens

    • Não li o livro mas gostei bastante da série.

  1. Lembro que quando eu queria ler o livro em 2007 era super difícil achar por aqui, li só em 2009 e foi quase uma auto-ajuda para mim, tipo mt importante. Eu vi metade da série e gostei da forma que adaptaram, fazendo Clay sofrer mais em vez de ouvir tudo em uma noite XD

    bjs, Carol | Espilotríssimo
    http://www.carolespilotro.com

    • Imagino que ler esse livro tão nova deve ter sido muito importante mesmo.
      Ele tem uma mensagem forte e necessária.
      Continue a ver a série. Vale super a pena.
      bjão!

  2. Obrigada pela dica, estou amando….. Me conhece bem , rsrs.

    • Sabia! Só faltou maratonar juntas hahaha
      bjão!

  3. Jeni, eu não li o livro, porém agora fiquei bem mais curioso para ver a série, gostei bastante do seu texto e agora entendi o motivo pelo qual você defende a série com unhas e dentes kkkkk, pretendo maratonar assim que acabar Punho de Ferro, inclusive quero resenha sua dessa série também.
    Abraço do Luke

    • Luke, eu acho que você vai pirar (no bom sentido) com essa série.
      Veja logo!
      E, sim, farei resenha de Punho de Ferro.
      bjão

  4. Vi la serie completa el fin de semana y estoy preocupada, entiendo que debemos hablar sobre estos temas pero así como el consejero de la secundaria (en la ficción) no sé si estamos todos preparados para un debate serio sobre esto.
    La serie me pareció demasiado explícita en los detalles del acto suicida y la historia contada con cassettes parece un juego. Un despropósito!
    Vivo en un país con una población pequeña, que tiene el mayor porcentaje de suicidios en adolescentes y jóvenes en la región. La semana pasada fuimos sorprendidos por la auto eliminación de una alumna del turno nocturno. Desde que vivo en esta ciudad, seis años, es la quinta vez que esto ocurre. Alumnas que tengo sentadas en mi salón, dos veces a la semana, seres con vidas familiares desgraciadas que deciden, en total soledad, por la peor elección.
    Creo que como sociedad somos responsables pero no sé si estoy de acuerdo con ser “una de las razones”
    Es una tema que lastima, creo que el planteo de la serie es como una caza al tesoro y si bien invita a la reflexión no creo que deba ser apta para todo público.
    Disculpa por extenderme en el comentario.

    • Laurita, vi a série como um alerta principalmente para os pais, educadores e outros adultos. Precisamos estar mais atentos aos jovens.
      E também tenho dúvida se estamos preparados para um debate sério sobre os temas tratados, mas pode ser um ponto inicial para um diálogo mais aberto.
      bjão

  5. Eu li o livro um tempo atrás e foi bem forte na época, minha irmã também leu depois de mim.
    Na época, eu pensava em fazer o mesmo que a Hanna, e o livro me ajudou a não dar esse passo fatal.

    Com amor,
    ❤ bruna-morgan.blogspot.com ❤